“Se não posso dançar, não é minha revolução”: autocuidado e hapticalidade como práticas políticas

Autores

Resumo

Este artigo pretende cartografar e articular duas práticas em torno do corpo e do cuidado na área da saúde: o autocuidado e a hapticalidade. Essas duas práticas e perspectivas entrelaçam-se na frase emblemática atribuída à feminista Emma Goldman “se não posso dançar, não é minha revolução”. A partir das perspectivas dos gestos menores de Erin Manning, a dança é apresentada como encontro que possibilita e estimula esses conhecimentos pouco abordados nas formações da área da saúde. Alegria, poesia e conhecimento do próprio corpo e do corpo do outro, assim como atenção, respiração e sustentação são eixos para escutar e atuar no mundo. Uma dança menor, que entende o corpo como processo de invenção, criação e espaço de experiência. Esse exercício de escrita se propõe a aproximar cuidado e luta, numa possibilidade de transformação, revolução e ética na área da saúde.

Palavras-chave

Autocuidado, Hapticalidade, Corpo, Política

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Biografia do Autor

Marina Souza Lobo Guzzo, Universidade Federal de São Paulo

Marina Guzzo é artista e professora Associada da Unifesp no Campus Baixada Santista, pesquisadora do Laboratório Corpo e Arte no Instituto Saúde e Sociedade. Tem pós-doutorado pelo Departamento de Artes Cênicas da ECA-USP e é mestra e doutora em Psicologia Social pela PUC-SP.

Publicado

2023-03-06

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