Ocupación antirracista y decolonial del espacio psicoanalítico

Autores/as

  • Andréa Maris Campos Guerra Universidade Federal de Minas Gerais https://orcid.org/0000-0001-5327-0694
  • Cristiane da Silva Ribeiro Nzinga - Coletivo de Mulheres Negras de Belo Horizonte
  • Enrico Martins Poletti Jorge Universidade Federal de Minas Gerais
  • Fábio Santos Bispo Universidade Federal do Espírito Santo
  • Marcela Fernanda de Souza Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas
  • Nayara Paulina Fernandes Rosa Federal University of Rio de Janeiro
  • Renata Lucindo Ferreira Mendonça Universidade Federal de Minas Gerais
  • Sonia Rodrigues da Penha Associação Vitoriana de Ensino Superior
  • Tayná Celen Pereira Santos Universidade Federal de Minas Gerais

Resumen

O objetivo do presente artigo é descentralizar o texto de Jacques Lacan a partir de uma geopolítica que pretende se fazer interpretante, uma vez que o autor acentua a importância de o analista visar, no horizonte de sua práxis, a subjetividade de sua época. Parte-se de uma posição na qual o analista não é neutro frente às tendências racistas e ao modo como o discurso dominante de uma época incide sobre o inconsciente. Em um contexto historicamente marcado pela abolição tardia da escravidão, encarceramento e genocídio da população negra e diversas práticas segregativas, como no caso brasileiro, é premente tomar o racismo como uma categoria sob o olhar da psicanálise em seu campo clínico e político, ao lado das demais disciplinas sociais. Pretendemos, assim, identificar algumas premissas para iniciar a desmontagem dos artefatos teóricos dominantes e seguir em direção a um novo arcabouço epistêmico, fundamentando uma prática clínica antirracista.

Palabras clave

Psicanálise, Racismo, Decolonização, Ocupação

Citas

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Biografía del autor/a

Andréa Maris Campos Guerra, Universidade Federal de Minas Gerais

Psicanalista e Professora no Departamento e no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde coordena o Núcleo @PSILACS (Psicanálise e Laço Social no Contemporâneo). Doutora em Teoria Psicanalítica (UFRJ) com Estudos Aprofundados na Université de Rennes 2 (França).

Cristiane da Silva Ribeiro, Nzinga - Coletivo de Mulheres Negras de Belo Horizonte

Psicóloga. Psicanalista. Integrante do Nzinga - Coletivo de Mulheres Negras de Belo Horizonte. Integrante da Rede de Mulheres Negras de MG. Mestre em Promoção da Saúde e Prevenção da Violência - UFMG. Pesquisadora-colaboradora do PSILACS. Integrante do Coletivo Ocupação Psicanalítica MG. Co-coordenadora do Ateliê Psicanálise e Segregação IPSM-MG.

Enrico Martins Poletti Jorge, Universidade Federal de Minas Gerais

Graduando de psicologia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Organizador do Núcleo de Estudos Críticos da Branquitude (NUBRAC). Integrante do coletivo Ocupação Psicanalítica.

Fábio Santos Bispo, Universidade Federal do Espírito Santo

Doutor em Psicologia, Professor do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Institucional da Universidade Federal do Espírito Santo, membro do Coletivo Ocupação Psicanalítica.

Marcela Fernanda de Souza, Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas

Mestra em Psicologia pela UFMG, linha de pesquisa em Estudos Psicanalíticos. Graduação em Psicologia e pós-graduação em Clínica Psicanalítica na Contemporaneidade pelo Unileste. Psicóloga no Centro Socioeducativo de Ipatinga. Membro do Centro de Estudos e Pesquisa em Psicanálise do Vale do Aço. Pesquisadora no Coletivo Ocupação Psicanalítica PSILACS/UFMG.

Nayara Paulina Fernandes Rosa, Federal University of Rio de Janeiro

Psicanalista. Mestranda do Programa de Pós-graduação em Teoria Psicanalítica, da UFRJ. Advogada atuante em conflitos no Brasil. Pesquisadora do núcleo de Psicanálise e Laço Social no Contemporâneo, do Departamento de Psicologia da UFMG. Membro do “Ocupação Psicanalítica”, coletivo de psicanalistas atuantes na reversão dos quadros de desigualdade racial.

Renata Lucindo Ferreira Mendonça, Universidade Federal de Minas Gerais

Mestre em Psicologia, membro do coletivo Ocupação Psicanalítica, psicanalista clínica, responsável pelo Ateliê Psicanálise e Segregação, coordenação do CIEN-Minas (2000/2020).

Sonia Rodrigues da Penha, Associação Vitoriana de Ensino Superior

Psicologa pela Associação Vitoriana de Ensino Superior (FAVI)/ES, bacharel em Serviço Social Universidade Federal do Espírito Santo (UFES); psicanalista em formação permanente. Participa do “Ocupação Psicanálitica por uma Clínica Antirracista” (UFMG - UFES) e da ANPSINEP/ES.

Tayná Celen Pereira Santos, Universidade Federal de Minas Gerais

Graduação em Psicologia na PUC-Minas, com ênfase Clínica. Mestranda em Psicologia na UFMG, linha de pesquisa em Estudos Psicanalíticos. Pesquisadora-colabora do PSILACS (Núcleo de Pesquisa e Laço Social no Contemporâneo) e Membro do Coletivo Ocupação Psicanalítica.

Publicado

25-01-2022

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