Reflexões sobre as versões de Karate em uma cidade metropolitana de São Paulo

Autores

Resumo

O presente artigo insere-se em um estudo amplo que pleiteia entender os sentidos das lutas corpo-rais em uma cidade metropolitana do estado de São Paulo. Para isso, elegemos a cidade de Cotia, que possui realidades díspares em âmbito socioeconômico e demográfico. Como parte deste proje-to, este artigo visa identificar as versões de Karate que circularam em diferentes práticas do cotidia-no da cidade, entre o segundo semestre de 2018 e o primeiro semestre de 2019. Como aproxima-ção teórico-metodológica, buscamos aporte na teoria ator-rede em diálogo com a Psicologia Social de cunho construcionista. Foi possível identificar três versões de Karate sendo performadas neste lo-cal: como uma modalidade competitiva, como uma prática para a vida (Budô), e como uma oportu-nidade de ordem mercadológica. A pesquisa sugere que não há um tipo único de Karate, homogê-neo, estável e permanente, mas que ele é múltiplo, produto das práticas em que está envolvido.

Palavras-chave

Psicologia Social, Psicologia do esporte, Artes Marciais, Construcionismo Social

Referências

Barreira, Cristiano Roque Antunes (2014). Combate, uma arqueologia fenomenológica: da arte marcial ao MMA sob uma nova perspectiva em psicologia do esporte. Tese de livre docência. Universidade de São Paulo.

Camps, Hermenegildo & Cerezo, Santiago (2005). Estudio técnico comparado de los Katas de Karate. Alas Editorial.

Camilo, Juliana Aparecida de Oliveira & Spink, Mary Jane Paris (2019). Versões de atletas de Mixed Martial Arts nas fases de preparação para um combate. Psicologia & Sociedade, 31(apr 04), 1–15. https://doi.org/10.1590/1807-0310/2019v31170235

Cordeiro, Mariana Prioli (2012). Psicologia Social no Brasil: multiplicidade, performatividade e controvérsias. Tese de doutorado inédita. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Cordeiro, Mariana Prioli & Spink, Mary Jane Paris (2013). Por uma Psicologia Social não perspectivista: contribuições de Annemarie Mol. Arquivos Brasileiros de Psicologia, 65(3), 338–356.

Franchini, Emerson & Vecchio, Fabrício Boscolo Del (2012). Estudos em modalidades esportivas de combate: estado da arte. Revista Brasileira de Educação Física e do Esporte, 25, 67-81. https://doi.org/10.1590/S1807‐55092011000500008

Frosi, Tiago Oviedo & Mazo, Janice Zarpellon (2011). Repensando a História do Karate no Brasil. Rev. Bras. Educ. Fís. Esporte, 25(2), 297–312. https://doi.org/10.1590/S1807-55092011000200011

Guttmann, Allen (1978). From Ritual to Record: the Nature of Modern Sports. Columbia University Press.

Kunz, Elenor. (1994). As dimensões inumanas do esporte de rendimento. Porto Alegre: Movimento, 1, 10-19. https://doi.org/10.22456/1982-8918.2004

Latour, Bruno (2000). Ciência em ação. Unesp.

Latour, Bruno (2012). Reagregando o Social. Edufba.

Law, Jonh. (2007). Making a mess with method. Centre for Science Studies, (March), 1–12. https://doi.org/http://dx.doi.org/10.4135/9781848607958.n33

Law, Jonh & Mol, Annemarie. (2008). El actor-actuado: La oveja de la Cumbria en 2001. Política y Sociedad, 45(3), 75–92.

Lopes Filho, Brandel José Pacheco. (2013). Karate Budō: os valores no Caminho das Mãos para o Vazio. Dissertação de mestrado inédita. Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Lowry, Dave (2011). O Dojo e seus significados: um guia para os rituais e etiqueta das artes marciais japonesas. Editora Pensamento.

Mol, Annemarie (1999). Ontological politics: a word and some questions. The Sociological Review, 47, 74-89.

https://doi.org/10.1111/j.1467-954X.1999.tb03483.x

Mol, Annemarie (2002). The body multiple: ontology in medical practice. Duke University Press.

Mol, Annemarie (2008). The logic of care. Health and the problem of Patient Choice. Routledge.

Oliveira, Marcelo Alberto de; Telles, Thabata Castelo Branco & Barreira, Cristiano Roque Antunes (2019). De Okinawa aos Jogos Olímpicos: o Karate. In: Katia Rubio (Org.), Do pós ao neo olimpismo: Esporte e Movimento olímpico no século XXI (pp. 327–348). Laços.

Rubio, Katia & Camilo, Juliana Aparecida de Oliveira (2019). Psicologia Social do Esporte. Laços.

Stevens, Jonh (2005). Três Mestres do Budo. Editora Cultrix.

Biografia do Autor

Juliana A. de Oliveira Camilo, PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO • PUC-SP

Possui graduação em Psicologia pela Universidade São Francisco (2003), mestrado (2007) e doutorado (2016) em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Atualmente é Pós-doutoranda da Universidade de São Paulo (USP) na Escola de Educação Física e do Esporte. Professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, no curso de Psicologia (Departamento de Psicologia Social) onde ministra aulas em Psicologia Organizacional e do Trabalho e coordena o núcleo de Psicologia do Esporte e do Exercício. É também professora titular da Universidade Paulista, nos cursos de Gestão de Pessoas. Coordena a Escola de Desenvolvimento de Pessoas na Educação Continuada da PUC-SP (COGEAE). É filiada à Associação Brasileira de Psicologia Social - ABRAPSO, à Associação Brasileira de Psicologia do Esporte, sendo também convidada do GT de Psicologia do Esporte vinculado à Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia - ANPEPP (desde 2016). É membro da Red Iberoamericana de Investigación en Trabajo, Género y Vida Cotidiana, vinculada à Asociación Universitaria Iberoamericana de Postgrado (AUIP). Possui também filiação à Asociacion Española de Investigacion Social Aplicada al Deporte (AEISAD). Tem experiência em pesquisa científica nos seguintes temas: psicologia do trabalho, precarização e sofrimento do trabalhador, saúde mental e psicologia social do esporte

Katia Rubio, UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

É Professora associada da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo. É bacharel em Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero e psicóloga pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Fez mestrado em Educação Física na Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo e doutorado em educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Fez pós-doutorado em Psicologia Social na Universidade Autônoma de Barcelona. Coordena o Grupo de Estudos Olímpicos (GEO EEFE-USP) e foi coordenadora do Centro de Estudos Socioculturais do Movimento Humano (CESC EEFE-USP). Foi presidente fundadora da Associação Brasileira de Psicologia do Esporte. Seus estudos e pesquisas estão voltados para o imaginário esportivo, as narrativas biográficas de atletas olímpicos e para a Psicologia Social do Esporte. É pesquisadora do Instituto de Estudos Avançados da USP e membro da Academia Olímpica Brasileira. É colunista do Caderno de Esporte do jornal Folha de São Paulo. Tem 12 livros publicados e 19 organizados na área de Psicologia do Esporte e Estudos Olímpicos. É bolsista produtividade em pesquisa nível 2. https://orcid.org/0000-0002-5632-6494

Publicado

11-12-2020

Downloads

Não há dados estatísticos.