O governo da vida: um efeito da racionalidade política neoliberal

Autores

  • Letícia Lorenzoni Lasta Universidade de Santa Cruz do Sul
  • Neuza Maria de Fátima Guareschi Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Programa de Psicologia Social e Institucional https://orcid.org/0000-0001-5892-188X

Resumo

Este artigo analisa as estratégias de Governos pós-ditadura militar até o Governo Dilma Rousseff para mostrar as condições de emergência das políticas públicas de assistência so-cial no Brasil em uma dada/datada racionalidade política, bem como a vida humana passa a ser útil e eficiente a lógica neoliberal. Para realizar esta analise atentamos para as con-dições que acompanharam o aparecimento e a articulação de um conjunto de discursos (práticas) socioassistenciais a estratégias de governo no contemporâneo, identificando o acontecimento discursivo a partir do qual se passou a definir a assistência social. A partir dos estudos foucaultianos sobre governamentalidade, organizamos esta discussão a partir de dois pontos – de que governo se quer falar e as apostas de Governo no Brasil e o neo-liberalismo. Com isso,apontamos como a proliferação das políticas socioassistenciais vai ao encontro de uma agenda neoliberal, anunciada e instaurada no país, a qual nos conduziu ao governo da vida.

Palavras-chave

Política pública, Governo, Vida, Neoliberalismo

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Biografia do Autor

Letícia Lorenzoni Lasta, Universidade de Santa Cruz do Sul

Psicóloga, Mestre em Educação (UNISC), Doutora em Psicologia Social e Institucional (UFRGS), professora do Departamento de Psicologia (UNISC)

Neuza Maria de Fátima Guareschi, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Programa de Psicologia Social e Institucional

Graduada em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1979), mestrado em Psicologia Social e da Personalidade pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1991). Doutorado em Educação - University of Wisconsin-Madison (1998). Pós-doutorado no Institute of Education na University College of London (2014). Trabalhou 24 anos na PUCRS, sendo 11 no PPG em Psicologia e 8 anos como membro da Comissão Coordenadora da Pós-Graduação. Atualmente é professora Associada I da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Coordena o Grupo de Pesquisa Estudos Culturais e Modos de Subjetivação e o Núcleo E-politcs - Estudos em Políticas e Tecnologias Contemporâneas de Subjetivação. Desenvolve estudos na linha de pesquisa Políticas Públicas, Trabalho, Saúde e Produção de Subjetividade. O Projeto guarda-chuva, dos quais derivam suas orientações de teses, dissertações e iniciação científica, tem como título: Psicologia Social, Políticas Públicas e o Governo das Populações. Tesoureira da ANPEPP - Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia - 2006 a 2008 e Presidente de 2008 a 2010. Presidente do Conselho Regional de Psicologia RS de 2004 a 2007, presidente da ABRAPSO - Associação Brasileira de Psicologia Social - de 2001 a 2003 e 2011 a 2013. Coordenação do comitê de avaliação área 13 da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul - FAPERGS, de 2007 a 2009; 2011 a 2013; Editora da Revista Psico de 2006 a 2009; Editora associada da Revista Psicologia e Sociedade de 2007 a 2011; Membro da Comissão Editorial da Revista Psicologia Ciência e Profissão de 2011 a 2014 e, desde janeiro de 2017 Editora Geral deste periódico. Coordenadora da Programa de Pós-graduação em Psicologia Social e Institucional (PPGPSI/UFRGS) no período de 2011 a 2012. Editora da Revista Polis e Psique de 2011 a 2017 e, atualmente, Editora Associada.

Publicado

2019-12-30

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