Política Nacional de Assistência Social e Governamentalidade: algumas problematizações

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Resumo

Neste ensaio discuto as práticas de proteção social propostas pela Política Nacional de As-sistência Social (PNAS) no Brasil e problematizo os efeitos produzidos por esta política pú-blica na medida em que postula determinadas formas de se relacionar, de pensar e de viver. Coloco em análise o seu modo de operar enquanto tecnologia biopolítica de pro-dução da vida. O plano disparador para a análise teve como foco o programa de distribui-ção de renda e suas condicionalidades, a utilização do Cadastro Único e da busca ativa na vigilância socioassistencial pautados pelo acompanhamento contínuo e pela centralidade da matriz sociofamiliar nas intervenções. O principal interlocutor desta escrita foi Michel Foucault ao aportar ferramentas conceituais sobre a governamentalidade e as estratégias biopolíticas para compreender a realidade constituída por relações de saber-poder que possibilitam desconstruir as verdades naturalizadas que limitam a criação de outras formas de entendimento.

Palavras-chave

Política Pública, Serviço Social, Biopolítica, Governamentalidade

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Biografia do Autor

Liana Cristina Dalla Vecchia Pereira, Universidade Federal de Santa Catarina

Doutoranda do Programa Interdisciplinar em Ciências Humanas (PPGICH) da Universidade Federal de Santa Catarina. Psicóloga, especialista em saúde da família e comunidade (residência integrada em saúde - Grupo Hospitalar Conceição) e em saúde mental coletiva (Universidade Rovira i Virgili). Mestre em saúde pública pelo programa Erasmus Mundus (Europubhealth) pela Universidade de Copenhagen e Universidade de Granada.

Publicado

22-04-2019

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