Contadores de histórias – oficinas sobre sexualidade com adolescentes
Resum
Este trabalho analisa uma intervenção em educação da saúde realizada por meio de oficinas de contadores de histórias com um grupo de 19 adolescentes atendidos em um programa sócio-educativo na cidade de Porto Alegre. O objetivo do estudo foi problematizar a sexualidade, a partir da leitura e elaboração de histórias pelos jovens. A análise dos dados pautou-se nos estudos de Michel Foucault. Nas conversas e nas histórias construídas, os jovens contaram das violências presentes no cotidiano: a pobreza, a fome, a droga, a vida na rua, o tratamento desigual que recebem na instituição. Usaram repertórios onde se mesclam padrões tradicionais sobre sexo/gênero, traduzidos no desejo de namorar, casar, ter filhos e, ao mesmo tempo, usaram gírias e ironias em relação aos aspectos proibidos da sexualidade. Os jovens manifestaram receio em se comprometer com a proposta das oficinas, referindo-se a si mesmos como aqueles que não são capazes de apreender. Oficinas de histórias podem ser de valia nas práticas de educação em saúde como ferramentas para trabalhar com pessoas vulneráveis, inclusive adolescentes.