Quaderns de Psicologia | 2023, Vol. 25, Nro. 2, e1921 | ISNN: 0211-3481 |
https://doi.org/10.5565/rev/qpsicologia.1921
Dayse Chaves Lemos
Universidade Ceuma
Denise Falcke
Eduarda Lima de Oliveira
Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Resumo
O ciúme e a violência conjugal são fenômenos complexos que precisam ser melhor compreendidos, especialmente no que se refere às suas repercussões na saúde mental. O presente estudo teve por objetivo mensurar a associação entre ciúme, violência conjugal e saúde mental (ansiedade, depressão e estresse). Participaram 194 pessoas, sendo 151 mulheres e 43 homens, com idade de 19 a 58 anos, casados ou em união estável. Os instrumentos foram: questionário sociodemográfico, Revised Conflict Tactics Scale, Interpersonal Jealousy Scale, Inventário de Ciúme Romântico e Escala de Ansiedade, Depressão e Estresse. Constatou-se alta prevalência de violência, chegando a índices de 85,4% de homens que admitem cometer agressão psicológica em seu relacionamento. Destaca-se maior prevalência do ciúme, violência conjugal e adoecimento mental em pessoas com menor escolaridade e renda, sem união oficializada e sem filhos. É importante que esses fatores sejam observados como de risco para ocorrência da violência conjugal e suas repercussões.
Palavras-chave: Ciúme; Violência conjugal; Saúde mental; Casais
Abstract
Jealousy and intimate partner violence are a phenomenon that need to be better understood, especially regarding repercussions on mental health. The present study aimed to measure the association between jealousy, intimate partner violence and mental health (anxiety, depression, and stress). A total of 194 people participated, 151 women and 43 men, aged 19 to 58 years, married or in a stable relationship. The instruments were: sociodemographic questionnaire, Revised Conflict Tactics Scale, Interpersonal Jealousy Scale, Romantic Jealousy Inventory and Anxiety, Depression and Stress Scale. A high prevalence of violence was found, reaching 85.4% of men who admit to committing psychological aggression in their relationship. There is a higher prevalence of jealousy, marital violence and mental illness in people with lower education and income, without an official union and without children. It is important that these factors are observed as risk factors for the occurrence of conjugal violence and its repercussions.
Keywords: Jealousy; Intimate partner violence; Mental health; Couples
A violência conjugal é considerada uma violência interpessoal e uma das formas mais comuns de violência, que apresenta alta incidência e pode trazer prejuízos à saúde dos indivíduos envolvidos, causando sofrimento psicológico (Razera e Falcke, 2014). Autores da área destacam as diferentes formas de violência e descrevem como: violência física, agressão psicológica, coerção sexual e lesão corporal, que podem ser subdivididas em menor e grave, considerando a intensidade dos atos (Straus et al., 1996).
Os estudos no contexto da violência, por terem um caráter histórico decorrente de uma cultura patriarcal, baseiam-se na perspectiva de gênero, destacando a assimetria de poder entre homens e mulheres (Brancaglioni e Fonseca, 2016; Rodrigues et al., 2016). Outra perspectiva considerada é a sistêmica, que compreende que os parceiros podem exercer múltiplos papéis na conjugalidade e que cada casal apresenta uma dinâmica própria na qual a violência pode se expressar de forma uni ou bidirecional (Falcke et al., 2009; Razera et al., 2021), dependendo de diferentes marcadores de poder na relação como gênero, raça, escolaridade, status econômico, entre outros. Destaca-se que, neste trabalho, será adotada a perspectiva sistêmica para a compreensão do fenômeno.
Alguns estudos citam características sociodemográficas que podem se relacionar com a violência (Colossi, Marasca et al., 2015; Colossi, Razera et al., 2015; Holanda et al., 2017). No estudo de Eliane Holanda et al. (2017), que teve por objetivo investigar os fatores associados à violência contra as mulheres na atenção primária à saúde em um município da zona da mata Pernambucana, foram analisadas 512 fichas de atendimentos a mulheres em situação de violência. Os resultados evidenciaram que houve a predominância da violência física (65%) praticada por companheiro conjugal em mulheres jovens, com baixa escolaridade, em união estável e com condições econômicas precárias. O consumo de álcool pelo agressor apareceu como principal comportamento de risco neste estudo. No mesmo sentido, o estudo de Patrícia Manozzo Colossi, Razera et al (2015), realizado com 186 casais residentes na região metropolitana de Porto Alegre, que se encontravam casados ou em união estável, mostrou que a prevalência da violência nesse público se apresentou em casais com idade mais jovem, com baixa escolaridade e renda, vivendo em união estável e com níveis menores de religiosidade.
Além das características sociodemográficas que se relacionam com a violência conjugal, é importante compreender os fatores que ser precipitadores da violência conjugal. O ciúme neste cenário aparece como um dos principais fatores desencadeantes da violência nos relacionamentos íntimos (Costa et al., 2016; Deeke et al., 2009; Gomes et al., 2011; Lacerda e Costa, 2013; Marques e Coleta, 2010; Paixão et al., 2014; Swan et al., 2012). Ao destacar o ciúme como um dos principais fatores que pode influenciar na ocorrência da violência conjugal é importante que se entenda que o ciúme pode ter diferentes manifestações (Almeida et al., 2008). Dentre essas formas em que se apresenta, pode ser caracterizado como manifestação de amor e ao mesmo tempo como um sentimento patológico, que produz angústia e tentativa de controlar o parceiro (Almeida et al., 2008). O ciúme não se apresenta de forma isolada no relacionamento e por isso pode gerar respostas emocionais e comportamentais (Baroncelli, 2011), tanto na pessoa que o vivencia como no/a parceiro/a e na própria relação, podendo estar vinculado ao sentimento de ameaça, que alimenta a insegurança afetiva e a percepção de pertencimento/posse ao outro (Almeida et al., 2008).
Uma Pesquisa qualitativa, realizada com casais de Uganda e Rwanda, descreveu os desafios ao relacionamento que ocorrem em função do ciúme, como quebra de confiança, conflitos e comportamentos controladores, que podem culminar em violência psicológica e física. O ciúme, neste estudo, foi compreendido como operando diferentes caminhos de gênero, uma vez que as mulheres referiram questionar seus parceiros sobre o paradeiro e as intenções deles por causa do ciúme e da suspeita de infidelidade, enquanto os homens mostravam-se como ciumentos ou desconfiados das parceiras em situações de socialização, por atraírem atenção de outros homens, e usavam a violência como resposta (Kyegombe et al., 2022).
Uma revisão sistemática da literatura foi conduzida por Marjorie Pichon e colaboradoras (2020), para avaliar evidências do ciúme e infidelidade como impulsionadores de violência nos relacionamentos íntimos, considerando que esses fenômenos permanecem subteorizados e subutilizados na pesquisa e prevenção de violência conjugal. Os dados de 51 artigos de 28 países foram analisados e as evidências mostraram associação consistente entre ciúme romântico, infidelidade real ou suspeita e violência conjugal. São sugeridos novos estudos considerando os possíveis impactos no adoecimento psíquico dos membros do casal.
A associação entre o ciúme e a violência conjugal pode causar danos à saúde mental de indivíduos que os vivenciam (Sequeira et al., 2014). Em estudos realizados com mulheres vítimas de violência por parceiros íntimos, os resultados indicam correlação entre a violência sofrida e os sintomas de adoecimento psíquico (Adeodato et al., 2005; Hatzenberger et al., 2010). Outras pesquisas também descrevem possíveis vinculações entre a violência sofrida e o desenvolvimento de transtornos depressivos, estresse pós-traumático e ansiedade (Adeodato et al., 2005; Gomes et al., 2012; Hatzenberger et al., 2010).
Ainda que já existam evidências de associações entre ciúme e violência e entre violência e adoecimento psíquico, não foram localizadas pesquisas em nosso contexto que articulem essas três variáveis. Frente ao exposto sobre os danos causados pelo ciúme e pela violência e sua repercussão na saúde mental dos indivíduos expostos a ela (Holanda et al., 2017), o presente estudo possui como objetivo mensurar os níveis de ciúme, violência conjugal e de saúde mental (ansiedade, depressão e estresse), verificando associação entre essas variáveis, e analisar possíveis correlações com variáveis sociodemográficas, em homens e mulheres.
Trata-se de uma pesquisa de caráter quantitativo, transversal, comparativo e correlacional (Sampieri et al., 2013).
A amostra foi composta por 194 participantes de diferentes estados brasileiros (Alagoas, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins). Desses, 151 eram mulheres e 43 homens, com idade variando de 19 a 58 anos, que estiveram em um relacionamento conjugal heterossexual, casados ou em coabitação. Foi um critério de inclusão o relacionamento ter duração de pelo menos um ano, que é o tempo indicado pela literatura como etapa inicial para construção de uma conjugalidade (Tissot e Falcke, 2017). A Tabela 1 descreve as características sociodemográficas dos participantes.
Características |
N |
% |
|
Sexo |
Feminino Masculino |
151 43 |
77,8 22,2 |
Situação Conjugal |
Casado Morando Junto |
141 51 |
73,4 26,6 |
Tempo com atual companheiro |
1 a 5 anos 6 a 10 anos 11 a 20 anos 21 a 25 anos 25 a 30 anos Mais de 30 anos |
70 54 50 7 7 4 |
36,5 28,1 26,0 3,6 3,6 2,1 |
Casamento anterior |
Sim Não |
34 160 |
17,5 82,5 |
Filhos |
Sim Não |
109 85 |
56,2 43,8 |
Quantos filhos |
1 filho 2 filhos 3 filhos 4 filhos ou mais |
48 43 11 7 |
44,0 39,4 10,1 6,4 |
Idade dos filhos |
1 a 5 anos 6 a 10 anos 11 a 15 anos 16 a 20 anos Mais de 20 anos |
48 23 14 7 15 |
44,9 21,5 13,1 6,5 14,0 |
Escolaridade |
Ensino médio Ensino superior Pós-graduação |
32 71 91 |
16,5 36,6 46,9 |
Exerce atividade remunerada |
Sim Não |
155 38 |
80,3 19,7 |
Situação de trabalho |
Autônomo Empregado Desempregado Estudante Aposentado/pensionista Não exerço atividade de trabalho fora do lar |
30 123 12 18 2 6 |
15,7 64,4 6,3 9,4 1,0 3,1 |
Renda pessoal |
1 salário mínimo 2 a 3 salários mínimos 3 a 5 salários mínimos 5 a 10 salários mínimos Mais de 10 salários mínimos |
30 58 39 29 17 |
17,3 33,5 22,5 16,8 9,8 |
Religião |
Católico Evangélico Espírita Ateu/agnóstico/sem religião Outros |
64 73 14 19 16 |
34,4 39,2 7,5 10,2 8,6 |
Quanto é praticante de religião |
Nada Pouco Médio Muito |
10 47 77 59 |
5,2 24,4 39,9 30,6 |
Tabela 1. Frequências e percentuais das características sociodemográficas da amostra (n=194)
Questionário de dados sociodemográficos: criado pelas autoras com o objetivo de descrever as características dos participantes deste estudo. Elaborado com questões como: cidade em que residem, situação amorosa, tempo de relacionamento, filhos, escolaridade e renda, entre outras.
Revised Conflict Tactics Scale – CTS 2 (Straus et al., 1996 adaptado por Moraes et al., 2002): a escala é composta por 78 itens em cinco subescalas que representam as dimensões violência física, agressão psicológica, coerção sexual, lesão corporal e negociação. A pontuação na subescala de negociação não foi utilizada neste estudo por não se referir à expressão de violência. As dimensões da escala são divididas entre menor e grave, sendo estas classificações do instrumento que consideram a intensidade dos atos violentos. As perguntas estão em forma de checklist para que os participantes assinalem as respostas de caráter relacional que descrevam ações do respondente e reciprocamente de seu companheiro de acordo com as situações apresentadas. Os itens são respondidos em escala Likert de oito pontos, variando de nunca aconteceu a aconteceu mais de 20 vezes no último ano. No estudo de Kelly Paim et al. (2012), o coeficiente alpha de Cronbach para a CTS2 foi de 0,88, revelando boa consistência interna. Neste estudo, o alpha obtido foi de 0,83.
Interpersonal Jealousy Scale – IJC (Mathes e Severa, 1981): Trata-se de um questionário de crenças relacionados ao ciúme, que tem por objetivo medir fatores preditores do ciúme, tais como a intensidade e as crenças relacionadas ao ciúme, à insegurança, à autoestima e ao amor romântico. O instrumento é composto por 28 questões, cujas respostas variam em uma escala likert de nove pontos. Para a pesquisa foi utilizada a versão traduzida e adaptada por Andrea Costa et al. (2013), que apresentou coeficiente alpha de Cronbach de 0,97. No presente estudo, o alpha foi 0,90.
Inventário de Ciúme Romântico – ICR (Bueno et al., 2012): trata-se de um questionário de comportamentos relacionados ao ciúme que tem por objetivo verificar e descrever a ocorrência de reações de ciúmes. O instrumento é composto por 41 itens, respondidos em uma escala do tipo likert de cinco pontos e se apresenta composto por seis fatores: fator 1 - não contato com o parceiro; fator 2 – contato parceiro-rival; fator 3 – agressão ao parceiro; fator 4 – agressão ao rival; fator 5 – autoestima, e fator 6 – investigação. No estudo de Karla Rafaela Haack e Denise Falcke (2020), os coeficientes alpha de Cronbach variaram de 0,65 a 0,92, sendo superior a 0,8 nos três primeiros fatores (0,92 F1, 0,87 F2, 0,87 F3), próximo a esse valor nos fatores 4, 5 e 6 (0,70 F4, 0,66 F5, 065 F6) e 0,92 na escala total. Neste estudo, o alpha foi de 0,94 para a escala total e variou entre 0,69 e 0,95 considerando os fatores.
Escalas de Ansiedade, Depressão e Estresse (EADS 21) (Lovibond e Lovinbond, 1995 adaptada para o português por Vignola e Tucci, 2014): propõe-se a avaliar empiricamente a ansiedade, a depressão e o estresse, segundo o modelo tripartido. É composta por 21 itens, e organizada em três subescalas: depressão, ansiedade e estresse, cada uma com sete itens. Os resultados de cada escala são determinados pela soma dos resultados dos sete itens. Sua consistência interna foi de 0,96 no estudo de validação da versão brasileira (Vignola e Tucci, 2014), assim como o alpha obtido neste estudo.
Para realização deste estudo o projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade e seguiu todas as recomendações éticas e orientações da Resolução 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde (2016). O estudo implicou em riscos mínimos aos participantes e os dados de identificação dos participantes foram mantidos em sigilo. A coleta de dados foi realizada de forma online através de um link de pesquisa com o convite, que informava aos usuários os objetivos e procedimentos de pesquisa. Os convites foram enviados por meio de rede sociais e a participação na pesquisa foi voluntária, assim os usuários que quiseram participar da pesquisa deram o aceite no link da pesquisa, concordando com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Os dados foram analisados através do programa SPSS 22.0 (Statistical Package for Social Science). Foram realizadas análises descritivas (frequência, porcentagem, médias e desvios-padrão) para avaliar o comportamento das variáveis e testada a normalidade dos dados, assim como análises não paramétricas, considerando que os dados não obedeceram à normalidade. Para comparação entre os grupos, foram utilizados os testes de Mann Whitney e Kruskal Wallis, enquanto a correlação entre as variáveis foi mensurada por meio do teste de Spearman. Em todas as análises, foi considerado o nível de significância de 5% (p≤0,05).
Os índices de prevalência dos diferentes tipos de violência identificados no estudo podem ser observados na figura 1. É possível observar que os índices de violência cometidos pelos sujeitos variaram de 1,4% na coerção sexual grave cometida pelas mulheres a 85,4% referente à agressão psicológica menor cometida pelos homens. A violência psicológica foi o tipo de violência mais cometida, como representado na figura 1.
Figura 1. Frequência de violência cometida e sofrida por homens e mulheres
Os resultados evidenciaram que houve diferença significativa entres os homens e as mulheres na pontuação da dimensão da coerção sexual menor do sujeito (U=2179,00; p=0,01), sendo que os homens apresentaram médias maiores de coerção sexual (m=110,03) em comparação à média feminina (m=87,63). Já a violência física grave do sujeito apresentou diferença significativa entre os sexos (U= 2209,00; p=0,045), evidenciando que as mulheres referem cometer significativamente mais violência física grave (m=89,26) do que os homens (m=78,70) na amostra avaliada. Em nenhuma outra dimensão da violência conjugal foram encontradas diferenças significativas na comparação entre os sexos.
No que diz respeito à comparação dos fatores que medem o ciúme, foram observadas diferenças significativas (U= 1920,00; p=0,04) entre os sexos com as mulheres apresentando médias significativamente maiores no IJC total (m=96,38) em comparação aos homens (m=69,23); assim como nos fatores ICRF2 (U= 2322,50; p=0,470), indicando que as mulheres pontuaram maior percepção do parceiro estabelecendo um relacionamento com possível rival (m=97,59) do que os homens (m=78,56); ICRF3 (U=1963,000; p<0,001), revelando que as mulheres pontuaram mais (m=102,24) reações agressivas direcionadas ao parceiro em função de ciúme do que os homens (m= 68,88) e ICRF6 (U= 2143,50; p=0,003), pelo qual as mulheres apresentaram pontuação significativamente maior (m=101,02) no que se refere a comportamentos de investigação relacionadas à fidelidade do parceiro, em comparação aos homens (m=73,28). O único fator de ciúmes em que os homens apresentaram média significativamente maior (U= 2363,500; p=0,032) do que as mulheres foi o ICRF5 (m=110, 35), que descreve reações no qual o indivíduo se atribui a culpa pela possibilidade de infidelidade do parceiro, em comparação à média da amostra feminina (m=90,08). Não foram observadas diferenças significativas na comparação de médias entre homens e mulheres no que diz respeito às dimensões de saúde mental (ansiedade, depressão e estresse) (p>0,05).
Dimensões |
Mulheres |
Homens |
||||
Depressão |
Ansiedade |
Estresse |
Depressão |
Ansiedade |
Estresse |
|
Coerção Sexual Grave Cometida |
,199* |
,159 |
,199* |
-,066 |
,030 |
,025 |
Coerção Sexual Grave Sofrida |
,262** |
,247** |
,213* |
,081 |
,212 |
,245 |
Coerção Sexual Menor Cometida |
,179* |
,193* |
,176* |
,216 |
,241 |
,192 |
Coerção Sexual Menor Sofrida |
,222** |
,188* |
,205* |
-,058 |
,053 |
,005 |
Violência Física Grave Cometida |
,267** |
,321** |
,304** |
-,056 |
,166 |
-,170 |
Violência Física Grave Sofrida |
,268** |
,216* |
,200* |
,176 |
,350* |
,312 |
Violência Física Menor Cometida |
,244** |
,289** |
,275** |
,253 |
,181 |
,158 |
Violência Física Menor Sofrida |
,278** |
,252** |
,226** |
,087 |
,176 |
,377* |
Agressão Psicológica Grave Cometida |
,218** |
,188* |
,254** |
,032 |
,123 |
,104 |
Agressão Psicológica Grave Sofrida |
,285** |
,271** |
,298** |
-,061 |
,090 |
-,071 |
Agressão Psicológica Menor Cometida |
,301** |
,261** |
,361** |
,147 |
,260 |
,207 |
Agressão Psicológica Menor Sofrida |
,349** |
,245** |
,340** |
-,059 |
,080 |
,007 |
IJC Interpersonal Jealousy Scale Total |
,301** |
,252** |
,290** |
-,159 |
-,016 |
-,181 |
ICRF1- Não contato com o parceiro |
,307** |
,320** |
,307** |
,271 |
,307 |
,255 |
ICRF2- Contato parceiro/rival |
,329** |
,266** |
,335** |
,164 |
,217 |
,181 |
ICRF3- Reações agressivas ao parceiro |
,321** |
,358** |
,299** |
,191 |
,316 |
,292 |
ICRF4- Reações agressivas ao rival |
,252** |
,312** |
,261** |
,192 |
,225 |
,247 |
ICRF5- Autoestima |
,181* |
,190* |
,113 |
,201 |
-,016 |
,025 |
ICRF6- Investigação |
,279** |
,257** |
,292** |
-,090 |
,079 |
,043 |
Tabela 2. Correlações das dimensões de ciúme e violência conjugal com a saúde mental de homens e mulheres
Conforme a tabela, verificam-se associações entre quase todas as dimensões de ciúme e violência com a saúde mental feminina, indicando que maiores níveis de ciúme e violência se associam com maiores índices de ansiedade, depressão e estresse nas mulheres. Em contrapartida, na amostra masculina, somente houve correlação da violência física grave sofrida pelos homens com a ansiedade e da dimensão de violência física menor sofrida com o estresse.
Foram testadas comparações entre grupos conforme algumas características sociodemográficas da amostra, considerando as dimensões da violência conjugal, o ciúme e os indicadores de adoecimento mental. Na comparação das variáveis, considerando a situação conjugal, foi observada diferença significativa apenas em uma dimensão da violência conjugal, a coerção sexual menor do companheiro (U= 2383,000; p= 0,027), em um fator de ciúme ICRF3 que avalia as reações agressivas direcionadas ao parceiro (U=2691, 000; p=0,023) e em todos os fatores de saúde mental, ansiedade (U=2026,000; p<0,001), depressão (U=2174,000; p<0,001) e estresse (U= 2299,000; p=0,002). Foram observadas maiores médias em todos os fatores para os casais que moram juntos em comparação aos casados oficialmente: coerção sexual menor do companheiro (m=102,04 e m= 86,42, respectivamente); ICRF3 (m=109,08 e m=89,36); ansiedade (m=118,98 e m=82,62); depressão (m=114,63 e m=83,72) e estresse (m=112,60 e m=85,40).
Comparando os grupos que possuem e não possuem filhos, foi constatada diferença significativa somente nos fatores de saúde mental: ansiedade (U= 3270,000; p=0,007); depressão (U= 3390,500; p=0,027) e estresse (U=3270,500; p=0,010), com maiores médias para os sujeitos sem filhos em comparação aos com filhos: ansiedade (m=104,62 e m= 83,75, respectivamente); depressão (m=102,14 e m=84,92); estresse (m=104,62 e m= 84,15). No que diz respeito à escolaridade dos sujeitos, nesta amostra, houve diferença significativa em sete dimensões da violência conjugal e dois fatores da saúde mental, não havendo diferença significativa nos fatores de ciúme. A Tabela 3 apresenta as diferenças encontradas.
Considerando se exerce ou não atividade remunerada, foram observadas diferenças significativas em três fatores do ciúme: IJC total (U=1800,500; p=0,003); ICRF2 (U=1983,500; p=0,015) e ICRF3 (U=2074,000; p=0,019). Nos três fatores, foi observado que aqueles que não exercem atividade remunerada apresentam médias significativamente maiores - IJC total (m= 112,34); ICRF2 (m=112,14); ICRF3 (m=112,89) — do que aqueles que exercem atividade remunerada — IJC total (m=84,18); ICRF2 (m=88,31); ICRF3 (m= 90,14). Não houve diferença significativa entre exercer atividade remunerada e os fatores da violência conjugal e da saúde mental.
Dimensão |
Escolaridade |
Médias |
H |
P |
Violência Física Grave Cometida |
Ensino Médio |
101,82 |
9,154 |
p=0,010 |
Ensino Superior |
83,52 |
|||
Pós-Graduação |
84,62 |
|||
Violência Física Grave Sofrida |
Ensino Médio |
97,54 |
7,333 |
p=0,026 |
Ensino Superior |
84,31 |
|||
Pós-Graduação |
80,58 |
|||
Violência Física Menor Cometida |
Ensino Médio |
113,86 |
11,118 |
p=0,004 |
Ensino Superior |
86,36 |
|||
Pós-Graduação |
85,75 |
|||
Violência Física Menor Sofrida |
Ensino Médio |
105,16 |
11,591 |
p=0,003 |
Ensino Superior |
84,21 |
|||
Pós-Graduação |
78,40 |
|||
Lesão Corporal Menor Cometida |
Ensino Médio |
108,45 |
11,870 |
p=0,003 |
Ensino Superior |
93,04 |
|||
Pós-Graduação |
88,63 |
|||
Lesão Corporal Menor Sofrida |
Ensino Médio |
111,02 |
12,281 |
p=0,002 |
Ensino Superior |
90,19 |
|||
Pós-Graduação |
93,31 |
|||
Agressão Psicológica Menor Cometida |
Ensino Médio |
98,59 |
6,015 |
p=0,049 |
Ensino Superior |
87,29 |
|||
Pós-Graduação |
74,64 |
|||
Ansiedade |
Ensino Médio |
125,20 |
13,572 |
p=0,001 |
Ensino Superior |
86,93 |
|||
Pós-Graduação |
86,57 |
|||
Estresse |
Ensino Médio |
119,00 |
9,087 |
p=0,011 |
Ensino Superior |
85,44 |
|||
Pós-Graduação |
89,65 |
Tabela 3. Comparação entre dimensões da violência conjugal, ciúme, saúde mental e escolaridade
Ao ser analisada a renda dos sujeitos só foi constatada diferença significativa em um fator da violência conjugal, que se refere à violência física menor do sujeito (H=9,703; p=0,046), com médias maiores para os indivíduos que ganham até 1 salário-mínimo (m=93,02), seguido daqueles que têm como renda 2 a 3 salários mínimos (m= 84,15); 3 a 5 salários mínimos (m= 83,28); 5 a 10 salários mínimos (m= 70,85) e mais de 10 salários mínimos (m= 62,44). Não foi constatada diferença significativa entre a renda dos sujeitos no que diz respeito ao ciúme ou à saúde mental. A variável religião e “já fez/não fez psicoterapia” não apresentou diferença significativa nos índices de violência conjugal, ciúme e saúde mental.
A partir dos resultados apresentados, percebe-se os elevados índices de violência psicológica sofrida e cometida por homens e mulheres, sendo essa principal manifestação de violência identificada no estudo. A violência psicológica é uma das dimensões que se apresenta em nível elevado nos relacionamentos conjugais, porém, pelo fato de ser sutil e não ser materializada, muitas vezes é naturalizada e não reconhecida como violência nas relações por parceiros íntimos (Colossi e Falcke, 2013).
Quando ocorre comparação entre os sexos, percebe-se diferenças significativas entre homens e mulheres no índice de coerção sexual menor. Os homens apresentaram níveis mais elevados de coerção sexual menor cometida, indicando significativamente maior insistência de fazer sexo sem utilização de força física ou obrigar a parceira a ter relações sem preservativo. Os índices dessa violência encontrados nesse estudo são superiores aos encontrados em outras pesquisas que abordam a violência conjugal, que também já evidenciam maior índice de coerção sexual praticada pelos homens (Colossi, Marasca et al., 2015; Madalena et al., 2015), alertando para a necessidade de atenção a esse fenômeno, possivelmente reflexo de uma cultura patriarcal ainda arraigada em nosso contexto.
A violência física grave cometida apresentou divergência em relação ao que as pesquisas sobre violência conjugal apontam, pois, na presente investigação, as mulheres indicaram cometer significativamente mais do que os homens. O fenômeno da violência conjugal, em uma perspectiva sistêmica, pode apresentar-se de forma bidirecional e ser cometida tanto por homens quanto por mulheres (Rosa e Falcke, 2014; Falcke et al., 2017), porém na amostra investigada as mulheres indicaram cometer significativamente mais violência física grave do que os homens, revelando a necessidade de atentar para a vitimização masculina, especialmente pelo fato de a violência contra o homem não ser tão abordada nos estudos sobre os relacionamentos íntimos (Alvim e Souza, 2005). Destaca-se também que esse dado se refere a percepção delas sobre a violência cometida, sendo necessário atentar para a diferença de poder ofensivo da violência física cometida por homens e mulheres, considerando que envolve o uso da força (Gomes et al., 2011).
Os resultados do presente estudo evidenciaram também maiores índices de ciúme total e de fatores de ciúme nas mulheres em comparação aos índices apresentados pelos homens. O ciúme, quando toma proporções grandes e se torna patológico, pode causar consequências significativas ao indivíduo refletindo em danos a sua saúde mental e até mesmo ocasionando danos ao seu companheiro (a), tendo em vista que comportamentos agressivos estão associados a ocorrência de ciúme, contra o outro ou a si mesmo, pois o comportamento ciumento pode ser disparador da violência cometida pelo parceiro (Adeodato et al,, 2005; Almeida et al., 2008; Marques e Coleta, 2010; Swan et al., 2012).
Na correlação das variáveis do ciúme e violência conjugal, foi observado que as mulheres apresentaram correlação positiva em quase todos os fatores de ciúme e violência conjugal, assim como com as dimensões de saúde mental, ansiedade, depressão e estresse. A correlação existente entre essas variáveis foi fraca em todas as dimensões, mas o fato de ter ocorrido em quase todos as variáveis mostra como a ansiedade, depressão e estresse podem estar relacionados ao ciúme e violência conjugal (Albuquerque et al., 2013; Almeida et al., 2008; Carneiro et al., 2017; Do Vale e Pimentel, 2017). Esses altos índices corroboram com o que a literatura aponta a respeito dos efeitos do ciúme e da violência conjugal na saúde mental (Almeida et al., 2008; Carneiro et al., 2017; Rolim e Falcke, 2017). Não foram encontrados estudos que expliquem as diferenças dos efeitos do ciúme e da violência conjugal entre homens e mulheres. Sabe-se, no entanto, que existem mais estudos que abordam o efeito da violência conjugal na saúde mental das mulheres (Holanda et al., 2017), sendo que no que diz respeito à relação da violência conjugal na saúde mental do homem, os estudos são mais escassos.
Os altos índices de ciúme apresentados pelas mulheres nesta amostra podem ser relacionados aos índices de violência física grave cometida pelas mulheres, visto que os estudos já abordam o ciúme como preditor da violência, mas o abordam mais na perspectiva da violência cometida pelos homens (Machado e Matos, 2014). Estudo prévio já indicou que o ciúme pode estar associado à violência cometida pelas mulheres (Swan et al., 2012), destacando a necessidade de atenção aos relacionamentos nos quais o ciúme se faz presente, como forma de prevenção à ocorrência de violência. Além disso, é necessário considerar que a violência no casal tende a ser percebida como menos grave quando associada ao ciúme, pois o ciúme gera uma maior aceitação social da violência. Essa é uma situação perigosa, que favorece a legitimação da violência nos relacionamentos íntimos, sendo preciso combater esse tipo de crença socialmente (Costa et al., 2016).
Na comparação dos dados sociodemográficos com a violência conjugal, ciúme e saúde mental, considerando a situação conjugal (casais casados civilmente x uniões estáveis), foram observadas diferenças significativas em um fator da violência: coerção sexual sofrida, em um fator de ciúme ICRF3, que diz respeito às reações agressivas direcionadas ao parceiro, e em todos os fatores de saúde mental: ansiedade, depressão e estresse, com piores índices para casais em uniões estáveis. Estudos já abordam essa diferença significativa entre os níveis de violência conjugal presente nas uniões estáveis, em comparação com os níveis apresentados pelos casais casados civilmente (Colossi, Razera et al., 2015; Holanda et al., 2017). Este resultado pode estar associado à importância atribuída ao ritual do casamento e a oficialização dos relacionamentos conjugais como fator protetivo da violência nos relacionamentos íntimos, visto que o casal atribui um significado emocional à essa legalização.
A existência ou não de filhos não se mostrou associada à ocorrência de ciúme e violência nos relacionamentos. Todavia, os resultados mostraram que os casais sem filhos apresentaram significativamente níveis maiores de depressão, ansiedade e estresse. Esse dado pode estar relacionado a uma série de fatores, dentre eles o maior envolvimento com outras áreas da vida, como trabalho, por exemplo (Rios, 2007) ou frustração com a expectativa pela parentalidade (Umberson et al., 2010). A escolaridade, no entanto, foi o fator que mostrou mais diferenças significativas. Os dados mostram que quanto menos escolaridade, mais violência era cometida e sofrida nos relacionamentos conjugais. Como a literatura já aborda, esses dados podem ser explicados pelo fato de que o nível de argumentação se amplia com o aumento da escolaridade, ou seja, pessoas que estudam mais têm maior poder de argumentação, o que faz com que, nas discussões, essas pessoas utilizem mais da argumentação verbal do que da violência para resolução de conflitos (Colossi, Razera et al., 2015; Holanda et al., 2017). Dois fatores de saúde mental, a ansiedade e o estresse, também apresentaram diferenças significativas na comparação da escolaridade, estando mais presentes em pessoas com menores níveis de escolaridade.
No fator exercer ou não atividade remunerada, as diferenças significativas apresentadas foram em três fatores do ciúme, no qual as pessoas que não exercem atividade remunerada apresentaram maiores níveis de ciúme em comparação aquelas que exercem. Considerando a centralidade do trabalho na vida das pessoas, pessoas sem exercer atividade remunerada podem se sentir em desvantagem em relação a possíveis pessoas que ameacem a relação conjugal, mostrando-se mais ciumentas em decorrência de sentimentos de inferioridade (Buss, 2000). Neste sentido, indivíduos com menores rendas reportaram praticar mais violência física menor nos relacionamentos íntimos. As maiores médias de violência nesse fator foram obtidas por indivíduos com renda pessoal de até um salário-mínimo. A baixa renda já vem sendo associada como fator preditivo da violência conjugal em estudos prévios, sendo que famílias em situação de maior vulnerabilidade social podem ter mais ocorrência de violência conjugal, pois essas famílias geralmente encontram-se expostas a mais fatores estressores (Colossi, Razera et al., 2015; Holanda et al., 2017).
Diante do estudo realizado pode-se observar que os índices de violência conjugal verificados nesta pesquisa foram elevados, especialmente considerando-se que a amostra não foi derivada de contextos clínicos. Além disso, constatou-se que as correlações entre as variáveis de ciúme, violência conjugal e saúde mental foram significativas, especialmente na amostra feminina, e muitas variáveis sociodemográficas apresentaram diferenças significativas ao serem comparadas com fatores de ciúme, violência conjugal e saúde mental, demandando atenção às mesmas como possíveis fatores de risco para a ocorrência desses fenômenos.
Assim, foi possível observar que a partir da descrição da prevalência do ciúme, da violência conjugal e dos fatores de saúde mental (ansiedade, depressão e estresse) e sua relação com os fatores sociodemográficos, é relevante refletir em como os contextos de violência conjugal podem estar relacionados a fatores tanto individuais quanto sociais. A baixa escolaridade, menor renda e situação conjugal de união estável foram fatores que, conforme os dados do presente estudo, demandam ser observados para a compreensão da violência nos relacionamentos íntimos, tendo em vista que a diminuição de estressores sociais, psicoeducação sobre a violência e formas de resolução de conflitos podem propiciar melhora nesse cenário. Além disso, é relevante rever as crenças relacionadas ao ciúme como forma de prevenção ou intervenção à violência, visto que o fenômeno da violência conjugal pode se apresentar de maneira complexa e com muitas peculiaridades. Intervenções pautadas no entendimento do sujeito de forma holística, portanto, se fazem necessárias para que a violência nos relacionamentos conjugais seja tratada de maneira mais abrangente.
Este estudo não tem a pretensão de generalizar os dados, mas pode trazer um novo olhar a respeito desse tema tão complexo e direcionar que novas pesquisas sejam feitas para melhor entendimento do tema, visto que aponta alguns fatores de risco que geram a violência conjugal e danos à saúde mental que podem ser trabalhados para melhora da qualidade de vida dos indivíduos. Entende-se que, principalmente através do uso da psicoeducação e intervenções psicoterapêuticas, que possam abranger a maior diversidade de pessoas possível, é possível minimizar os danos da violência na conjugalidade, compreendendo as características sociodemográficas que possam estar relacionadas à violência, assim como empenhar um olhar mais relacional de como esses fatores circulam sistemicamente, para que seja possível a descontinuidade desses padrões desadaptativos. Futuros estudos com foco na análise da recursividade das variáveis, assim como pesquisa com díades conjugais, podem contribuir para ampliar a compreensão do fenômeno.
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DAYSE CHAVES LEMOS
Doutoranda em Psicologia Clínica pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos, psicóloga clínica e docente de psicologia na Universidade Ceuma-Campus Imperatriz.
dayschaves@gmail.com
https://orcid.org/0000-0003-0838-6270
DENISE FALCKE
Professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica da Universidade do Vale do Rio dos Sinos.
dfalcke@unisinos.br
https://orcid.org/0000-0002-4653-1216
EDUARDA LIMA DE OLIVEIRA
Doutoranda em Psicologia Clínica pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos, psicóloga clínica e atua como professora universitária na Uniritter.
dulimaoliv@gmail.com
https://orcid.org/0000-0003-3612-8498
FORMATO DE CITACIÓN
Chaves Lemos, Dayse; Falcke, Denise; Oliveira, Eduarda Lima de (2023). Ciúme, Violência Conjugal e Saúde Mental: Prevalência e Fatores Associados. Quaderns de Psicologia, 25(2), e1921. https://doi.org/10.5565/rev/qpsicologia.1921
HISTORIA EDITORIAL
Recibido: 08-03-2022
1ª revisión: 27-06-2022
Aceptado: 03-10-2022
Publicado: 30-07-2023