Quaderns de Psicologia | 2023, Vol. 25, Nro. 2, e1958 | ISNN: 0211-3481 |
https://doi.org/10.5565/rev/qpsicologia.1958
Rebeca Neri de Barros
Adriano de Lemos Alves Peixoto
Universidade Federal da Bahia
Resumo
Transtornos mentais comuns causam prejuízos à vida social e acadêmica de estudantes universitários. Este estudo teve como objetivo levantar as prevalências de sintomas de Transtornos Mentais Comuns de estudantes de graduação de uma universidade pública, avaliando variáveis relacionadas ao gênero, à área e ao curso. Trata-se de pesquisa quantitativa de corte transversal e caráter descritivo. A coleta de dados foi realizada por meio de instrumento online, composto por questionário sociodemográfico e pelo Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20). Participaram da pesquisa 7.177 estudantes (62,1% mulheres, 37,6% homens, e 0,3% não declararam, M idade = 25,6 anos) de 77 cursos de uma universidade federal. Os resultados indicaram prevalência de 71,52% de sintomas de Transtornos Mentais Comuns. Mulheres apresentaram piores indicativos de saúde mental. Das áreas de curso, os Bacharelados Interdisciplinares obtiveram maiores prevalências de Transtornos Mentais Comuns (76,2 %). Tais achados indicam a necessidade do desenvolvimento de programas de atenção à saúde mental estudantil.
Palavras-chave: Saúde mental; Estudantes universitários; Transtornos mentais; Saúde do estudante
Abstract
Common mental disorders damage the social and academic life of university students. This study aimed to survey the prevalence of symptoms of Common Mental Disorders) in undergraduate students at a public university, evaluating variables related to gender, area and course. This is a cross-sectional study with a descriptive character and a quantitative approach. Data collection was carried out using an online instrument, consisting of a sociodemographic questionnaire and the Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20). 7.177 (62.1% women, 37.6% men, and 0.3% did not declare, Mage = 25.6 years) students from 77 courses at a Federal University participated in the research. The results indicated a prevalence of 71.52% of symptoms of Common Mental Disorders. Women had worse indicators of mental health. Regarding the course areas, the Interdisciplinary Bachelors had the highest prevalence of symptoms of Common Mental Disorders (76.2%). Such findings indicate the need to develop student mental health care programs.
Keywords: Mental health; College students; Mental disorders; Student health
A saúde mental do estudante universitário é uma preocupação crescente em todo o mundo. Pesquisas realizadas no Brasil nas últimas décadas indicam altos níveis de sofrimento psíquico entre os estudantes, com aumento da prevalência de diversos problemas de saúde mental (Gomes et al., 2020; Graner e Cerqueira, 2019; Preto et al., 2020). Preocupações semelhantes, também têm sido relatadas em outros países como, por exemplo, Paquistão (Ikram et al., 2018), Índia (Sravani et al., 2018), Etiópia (Dachew et al., 2015; Rtbey et al., 2022), Colômbia (Arrieta-Vergara et al., 2019), entre outros. Estudos como esses, apesar de terem contextos e metodologias diversas, concordam que os estudantes universitários têm enfrentado sérios problemas psicológicos e que precisam de atenção em relação à sua saúde mental.
Tem-se observado, também, aumento do interesse da imprensa brasileira sobre o tema, com publicações de diversas matérias que tratam das relações entre saúde mental e a vida acadêmica (Mazetti, 2020). Em geral, esses artigos discorrem sobre o elevado número de estudantes que desenvolveram transtornos mentais ou que cometeram suicídio durante o período da graduação e questionam como a vida universitária pode, eventualmente, estar contribuindo para esta problemática. Alinhado com a percepção expressa nessas publicações, o relatório da V Pesquisa de Perfil Socioeconômico dos Estudantes de Graduação das Instituições Federais de Ensino Superior (IES) realizada pelo Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Estudantis (FONAPRACE), identifica questões relacionadas à saúde mental dos universitários, com 83,5% dos estudantes queixando-se de dificuldades emocionais que interferem na sua vida acadêmica. Os principais problemas relatados pelos participantes foram: ansiedade (63,6%), desânimo/desmotivação (45,6%) e insônia /alteração no sono (32,7%). O relatório indica ainda que entre a pesquisa de 2014 e a de 2018 houve aumento de 68,8 % e 107,9% nos índices de “ideação de morte” e “pensamento suicida” respectivamente, atingindo os valores de 10,8%, e 8,5% (FONAPRACE, 2019).
Em âmbito internacional, pesquisa realizada em 19 instituições de ensino superior em 8 países, indicou que dos 13.984 participantes, 31% foram rastreados para pelo menos 1 transtorno mental no último ano (Auerbach et al., 2018). Na Itália, estudo que contou com 4.760 participantes, obteve taxa de sofrimento psicológico de 78,5%, sendo 21,3% leve, 21,1% moderado, e 36,1% grave (Porru et al., 2021). Os estudantes que relataram maior esforço, menor recompensa, maior desequilíbrio esforço recompensa, eram mais propícios a apresentarem sofrimento psicológico. Enquanto na Etiópia, estudantes de medicina obtiveram níveis de sofrimento mental de 45,9%. Ser do sexo feminino, falta de interesse pela área de estudo, uso atual de álcool, pouco dinheiro mensal, apoio social ruim foram alguns dos fatores significativamente associados a sofrimento mental (Rtbey et al., 2022).
Já estudo brasileiro realizado com 378 estudantes universitários encontrou prevalência de 39,99% de caso suspeito de transtornos do humor, de ansiedade e só matização (Gomes et al., 2020). Por sua vez, a revisão integrativa que analisou estudos empíricos nacionais e internacionais sobre transtornos mentais comuns em universitários, identificou níveis de prevalência que variam entre 18,5% e 49,1% de transtornos mentais comuns (TMC) (Graner e Cerqueira, 2019). Enquanto estudo realizado com universitários do último ano de cursos da área da saúde encontrou prevalência de 63% de sintomas indicativos de TMC (Preto et al., 2020).
Esses transtornos indicam uma condição de sofrimento psíquico não psicótico, que representam cerca de 90% dos problemas de saúde mental (Preto et al., 2020). O termo Transtornos Mentais Comuns (TMC) foi desenvolvido por David Goldberg e Peter Huxley (1992), e compreende um conjunto de sintomas relacionados a distúrbios mentais não psicóticos, que incluem de depressão não psicótica, ansiedade à quadros de sintomas inespecíficos como insônia, dificuldade de concentração, e queixas somáticas (Jansen et al., 2011). Os TMCs afetam de forma negativa a vida das pessoas, provocando prejuízos e incapacidades disfuncionais (Graner e Cerqueira, 2019; Maragno et al., 2006).
Existe uma série de fatores de risco associados pela literatura aos problemas de saúde mental de universitários. Destacam-se aqui: expectativas ruins em relação ao futuro profissional, baixa renda, dificuldade com o relacionamento com amigos, dificuldade na vida acadêmica, ter sofrido discriminação racial, ter preocupação com a segurança pessoal, ter sofrido agressão, residir em área sem saneamento básico, ser do sexo feminino, e aspectos de saúde como uso de substâncias psicoativas, sedentarismo, e hábitos alimentares (Graner e Cerqueira, 2019; Neves e Dalgalarrondo, 2007). Essas questões encontram particular ressonância nas instituições de ensino superior públicas brasileiras, uma vez que apresentam um largo contingente de estudantes que tem sua origem em contextos de alta vulnerabilidade social.
Entre os fatores de risco para o adoecimento mental de estudantes relacionados com as vivências acadêmicas, pode-se elencar: o período do curso, pensar em abandonar o curso, dificuldade entre equilibrar a graduação com outras atividades, excesso de horas de estudos, desconforto com avaliações, insatisfação ou falta de interesse com o curso, e baixa expectativa com o futuro profissional (Ariño e Bardagi, 2018; Graner e Cerqueira, 2019). Há também uma percepção de que os diferentes cursos e áreas do conhecimento oferecem distintos estressores, ocasionando mais ou menos adoecimento entre o seu alunado, sendo que os cursos da área de saúde são frequentemente apontados como cursos com altos índices de adoecimento (Lopes et al., 2022; Preto et al., 2020; Sravani et al., 2018). No entanto, até o momento, estudos que comparam cursos e, principalmente, as áreas de conhecimento têm se mostrado insuficientes para que um padrão explicativo de adoecimento mais específico possa ser identificado.
As crescentes preocupações com a saúde mental dos estudantes universitários impulsionaram uma série de estudos sobre a temática, no entanto, nota-se que existem limitações e lacunas nos estudos disponíveis, principalmente no que diz respeito ao rigor metodológico e a abrangência dos estudos. É o que discute a revisão de artigos internacionais sobre saúde mental universitária, refletindo que apesar do aumento de publicações em todo o mundo abordando à saúde mental de universitários, não houve uma melhora significativa na qualidade desses trabalhos (Ibrahim et al., 2013).
Diante dessa lacuna, neste estudo buscamos levantar as prevalências de sintomas de Transtornos Mentais Comuns de estudantes de graduação de uma universidade pública, avaliando variáveis relacionadas ao gênero, à área e ao curso.
Trata-se de estudo descritivo, com corte transversal e abordagem quantitativa, realizado com estudantes universitários de uma universidade pública federal brasileira.
Um convite para participação na pesquisa foi enviado por e-mail para os 37.851 estudantes com matrícula ativa na UFBA no 20 semestre de 2019. Desses responderam a pesquisa 7.177 estudantes universitários (62,1% mulheres, 37,6% homens, 0,3% não declararam/outro Midade= 25,6), graduandos de 77 cursos da universidade, distribuídos em todos os semestres e modalidades de ingresso.
A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário distribuído online por meio da plataforma Suvey Monkey. Antes de iniciarem as respostas, os estudantes liam um termo de consentimento livre e esclarecido e tinham a opção de não participar da pesquisa. Da mesma forma, eles foram informados da possibilidade de se retirarem da pesquisa a qualquer momento e sobre a forma do uso e a garantia de confidencialidade dos dados informados. Foi disponibilizado aos participantes um conjunto de contatos que poderiam fornecer suporte psicológico caso sentissem necessidade durante a resposta ao questionário. Este estudo seguiu as orientações das resoluções 466/12 e 510/16 sobre as especificidades éticas da pesquisa em Ciências Humanas e Sociais no Brasil. Os dados utilizados no presente estudo foram obtidos a partir de um projeto submetido e aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Instituto de Psicologia da Universidade Federal da Bahia, sobre o número CAE: 26414819.2.0000.5686.
Foi utilizado um formulário online para coleta de dados composto por:
Questionário Sociodemográfico- Desenvolvido pelos autores, consistia em um conjunto de questões referentes a dados demográficos que permitem conhecer melhor características específicas dos participantes e que podem, de alguma forma, contribuir para a compreensão do fenômeno investigado. Está dividido em 4 grupos de variáveis: a) perfil sociodemográfico dos participantes: idade, gênero, auto declaração de raça, estado civil e renda familiar; b) Hábitos de vida: prática de atividades físicas e participação em grupos sociais; c) Condições de saúde: se tinham diagnóstico prévio de algumas das condições em saúde mental (depressão, transtorno de ansiedade, transtornos alimentares, estresse pós-traumático, transtorno obsessivo compulsivo, esquizofrenia, abuso de álcool e outras drogas, e outros), procura por ajuda psicológica ou psiquiátrica no último ano e uso de substâncias psicoativas. d) Percepção de quanto a universidade afeta a sua saúde mental e de seus pares.
Self-Reporting Questionnarie - Versão de 20 itens (SRQ-20). Trata-se de questionário autoaplicável, desenvolvido pela Organização Mundial de Saúde para países em desenvolvimento, com objetivo de rastrear e avaliar distúrbios primários denominados Transtornos Mentais Comuns, útil na classificação de casos e não casos (Santos et al., 2010). Esse instrumento tem um caráter de triagem (rastreio), tendo como objetivo fazer uma avaliação global da presença ou ausência de sintomas de transtornos mentais, sem determinar um diagnóstico específico (Santos et al., 2010). O SRQ-20 foi validado no Brasil por Jair J. Mari e Paul Willians (1986). Ele é composto por questões dicotômicas (Sim ou Não), cujo escore obtido indica a suspeição de distúrbios não psicóticos.
O SRQ-20 é um instrumento com boas propriedades psicométricas, apresentando sensibilidade de 83%, e especificidade de 80%. A sensibilidade descreve a probabilidade de um indivíduo apresentar a condição positiva do fenômeno (sintomas), enquanto a especificidade mede a capacidade discriminante para indivíduos que não apresentam o fenômeno investigado. Nesse estudo optamos por uma abordagem mais conservadora, definindo como ponto de corte o valor de 7/8, para toda a amostra (Gonçalves et al., 2008). Assim, a cada resposta positiva foi somado 1 ponto ao escore total, sendo que os indivíduos que apresentavam 8 ou mais respostas positivas foram considerados como caso de suspeição de TMC.
Os dados foram tratados e analisados com o auxílio do software SPSS 20 - Statistical Package for the Social Science. Foram realizadas análises descritivas para levantamento do perfil sociodemográfico das amostras e de outros dados gerais. Realizou-se ainda comparações entre grupos utilizando o teste do Qui-quadrado.
Dos 7.177 respondentes, 62,1% são do sexo feminino, 37,6% do masculino e 0,3% preferiram não responder. No tocante ao estado civil, a maioria (84,6%) é formada por solteiros, apresentando renda familiar menor que 3 salários-mínimos (53,49%). Já em relação a raça, 42,3% se autodeclararam como pardos e 29,2% como pretos, enquanto 24,48% se declararam brancos. A média de idade dos participantes foi de 25,6 anos (DP = 7,8), com limites entre 16 e 75 anos, sendo que a moda da idade foi de 21 anos. Os principais dados sociodemográficos encontram-se descritos na Tabela 1.
Característica |
N* |
% |
|
Gênero |
Feminino |
4458 |
62,1 |
Masculino |
2695 |
37,6 |
|
Outro/ Não quis declarar |
24 |
0,3 |
|
Estado civil |
Solteiro(a) |
6074 |
84,6 |
Casado(a) / União Estável |
780 |
10,9 |
|
Divorciado(a) |
91 |
1,3 |
|
Viúvo(a) |
8 |
0,1 |
|
Outro |
224 |
3,1 |
|
Raça |
Amarela |
58 |
0,8 |
Branca |
1749 |
24,4 |
|
Pardo |
3034 |
42,3 |
|
Indígena |
48 |
0,7 |
|
Preto |
2098 |
29,2 |
|
Não desejo declarar |
190 |
2,6 |
|
Renda familiar |
Menos de 1 sal.* |
758 |
10,6 |
01 a 03 sal.* |
3071 |
42,8 |
|
03 a 06 sal.* |
1656 |
23,1 |
|
06 a 10 sal. * |
813 |
11,3 |
|
Mais de 10 sal. * |
542 |
7,6 |
|
Não sei / não quero informar |
337 |
4,7 |
Nota. * N = 7.117; ** Sal. = Salário-mínimo
Tabela 1. Principais Características Sociodemográficas
Esse conjunto de características dos participantes condiz com as mudanças sociodemográficas ocorridas nas últimas décadas relacionadas com o perfil de estudantes das IES federais, havendo um aumento de ingresso de mulheres, de pretos e pardos, e de estudantes com renda familiar per capita menor que 3 (três) salários-mínimos (FONAPRACE, 2019), o que se deu, principalmente, em função da adoção de políticas de ações afirmativas (Peixoto et al., 2016).
Diante do recorrente discurso encontrado na imprensa e em parte dos estudos da área, de que a universidade é um dos principais responsáveis pelo adoecimento dos seus discentes, no questionário sociodemográfico, perguntamos aos participantes se antes de ingressarem na universidade, já tinham algum diagnóstico de condição relacionada à saúde mental. Dos respondentes 23,8% afirmam que já tinham diagnóstico de transtornos mentais antes de ingressarem na universidade, sendo os mais citados: os transtornos de ansiedade (9,9%) e depressão (6,5%). Apesar de expressivo, esse valor é bem menor do que o estimado por Deborah Megiver et al., (2003), de 51% de estudantes com transtornos mentais prévios. É possível assumir assim que o número de estudantes que já sofriam com problemas de saúde mental antes mesmo de entrar na universidade seja maior do que o indicado nesta pesquisa. Entretanto, por conta da dificuldade de acesso à assistência de saúde mental e os preconceitos existentes em relação ao tema é provável que vários casos não tenham sido previamente identificados. Esse fato reforça o entendimento de que, apesar da universidade poder apresentar fatores próprios que estejam de alguma maneira associados ao adoecimento de seu alunado, questões pessoais antecedentes também contribuem de maneira significativa para o problema.
A partir desse ponto, buscamos analisar a percepção dos estudantes sobre o quanto estar na universidade afeta a sua saúde mental e de seus pares. Para isso, no questionário sociodemográfico e de hábitos de vida, pedimos aos respondentes que avaliassem em uma escala likert de 5 pontos (que vai de afeta totalmente a não afeta em nada) se para eles a universidade afetava a sua saúde mental e dos seus pares. Entre os participantes, 75,81% indicam que a universidade afeta muito ou totalmente a saúde mental dos seus colegas. Enquanto 56,44% acreditam que sua própria saúde mental seja afetada muito ou totalmente pela universidade. Esses resultados sugerem que algum tipo de viés de atribuição está em jogo nesse processo de compreensão de como o contexto pode afetar a saúde mental dos indivíduos. De qualquer forma, os resultados reforçam a visão de que a vida acadêmica exerce uma forte influência no estado de saúde mental dos universitários.
Também chama atenção a alta porcentagem de estudantes que relataram ter procurado ajuda psicológica ou psiquiátrica no último ano (44,9%). Esse valor pode tanto refletir um processo de adoecimento dos alunos de graduação, quanto a diminuição das barreiras que impediam o reconhecimento da necessidade de apoio profissional especializado. A literatura traz relatos que demonstram a grande dificuldade dos estudantes em reconhecerem que precisam de ajuda profissional, bem como de terem acesso a estes tipos de serviços (Ebert et al., 2019). É possível que os resultados obtidos neste estudo indiquem mudanças resultantes de ações institucionais que nos últimos anos vem sendo desenvolvidas na universidade, como debates sobre o tema e a implantação de programas de acolhimento e atendimento ao estudante em modalidade de plantão, por exemplo.
Nosso levantamento indicou ainda uma elevada prevalência (71,52%, N = 5133) de TMC entre os estudantes da universidade. O escore médio encontrado do SRQ-20, para toda a amostra, foi de 10,7 (DP = 5,3), bem acima do ponto de corte 7/8. Esse resultado é superior aos de diversos outros estudos brasileiros que, em sua maioria, encontraram taxas de prevalência que variam entre 19% e 55% (Lopes et al., 2022; Silva et al., 2014). É possível que esses resultados emerjam do fato de que esta pesquisa alcançou uma ampla gama de cursos na universidade, ao contrário dos resultados já identificados em pesquisas anteriores que tendem a ser mais limitados em seu alcance. Por outro lado, em estudos mais recentes, tem-se percebido um aumento nas prevalências de sintomas de TMC, como na pesquisa realizada com 184 graduandos da área da saúde, que apresentou 63% de suspeição para presença de transtornos mentais comuns (Preto et al., 2020).
Os resultados desta pesquisa também são superiores a maioria dos achados em pesquisas internacionais. Na Colômbia, pesquisa com graduandos de Odontologia resultou em prevalência de 30,3% de TMC (Arrieta-Vergara et al., 2019). Já estudo transversal realizado na Etiópia com 834 estudantes, encontrou uma prevalência de sofrimento mental da ordem de 40,9% (Dachew et al., 2015).
A prevalência de sintomas de TMC dos participantes da presente pesquisa também é mais elevada do que a de outros extratos da população. Élem G. D. Santos e Marluce M. D. Siqueira (2010), por exemplo, realizaram uma revisão sistemática de estudos brasileiros desenvolvida no período de 1997 a 2009, que investigavam a prevalência de TMC. As autoras identificaram uma variação entre 20% e 56%, de acordo com o contexto e população participante dos estudos. Voltada para a faixa etária de 18 e 24 anos, uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Pelotas encontrou uma prevalência de 24,5% de TMC (Jansen et al., 2011).
A literatura tem associado os TMCs a condições de vida desfavoráveis e eventos produtores de estresse (Lopes et al., 2003; Ludermir e de Melo Filho, 2002). Alguns desses aspectos elencados em estudos nacionais e internacionais como dificuldades financeiras, hábitos de vida não saudáveis ou baixo suporte social, entre outras situações de vulnerabilidade, podem ajudar a compreender os altos índices de TMC encontrados na presente pesquisa (Arrieta-Vergara et al., 2019; Neves e Dalgalarrondo, 2007). Ao analisarmos os dados sociodemográficos dos participantes deste estudo observa-se que a maior parte dos estudantes pertencem a famílias com renda de até 3 salários-mínimos (53,4%), que não praticam com regularidade atividades físicas (54,6%) e não participam de grupos sociais (64,7%). Essas situações sugerem uma maior vulnerabilidade social e econômica, e pior qualidade de vida, o que pode resultar no aumento dos problemas de saúde mental entre os estudantes universitários.
O agravamento da situação econômica, política e social que o Brasil tem enfrentado nos últimos anos também possivelmente contribuíram para esses resultados. A crescente deterioração da vida pública, os altos índices de desemprego, a instabilidade quanto ao futuro são algumas das questões que já há algum tempo permeiam a realidade brasileira, tomando recentemente proporções ainda maiores. Para os jovens universitários que se preparam para ingressar no mercado de trabalho e assumir um papel social, esses fatores são especialmente danosos, afetando a qualidade de sua formação acadêmica, gerando preocupações e incertezas quanto ao futuro. Além disso, pode-se supor que questões próprias da universidade estudada, como sua cultura, metodologias de ensino, estrutura curricular, normas e tradições podem ter colaborado para os altos índices de transtornos mentais (Santos, L. et al., 2017).
Para entender melhor quais sintomas de TMC são mais frequentes entre os estudantes, detalhamos na Tabela dois os itens do SRQ-20. Agrupando em quatro principais conjuntos de sintomas: humor deprimido e/ou ansioso, sintomas somáticos, decréscimo de energia vital, e pensamento depressivo. Na categoria Humor deprimido/ ansioso, os sintomas mais relatados foram sentir-se triste com (70,7%) e assustar-se com facilidade (47,7%). Entre os sintomas somáticos, as principais queixas foram dormir mal (72,3%) e ter dores de cabeça frequentemente (57,2%). No grupo decréscimo de energia vital, os sintomas mais relatados foram sentir-se cansado o tempo todo (72%), ter dificuldades para realizar as tarefas diárias com satisfação (70,6%). Na categoria pensamentos depressivos, os sintomas mais prevalentes foram, estar perdendo o interesse pelas coisas (59,5%).
Sintomas |
N |
% |
Humor depressivo/ansioso |
||
Assusta-se com facilidade? |
3426 |
47,7 |
Você se sente nervoso, tenso ou preocupado? |
2391 |
33,3 |
Tem se sentido triste ultimamente? |
5071 |
70,7 |
Tem chorado mais do que de costume? |
2973 |
41,4 |
Sintomas somáticos |
||
Tem dores de cabeça frequentemente? |
4102 |
57,2 |
Tem falta de apetite? |
2826 |
39,4 |
Você dorme mal? |
5190 |
72,3 |
Tem tremores nas mãos? |
2391 |
33,3 |
Tem má digestão? |
3291 |
45,9 |
Tem sensações desagradáveis no estômago? |
3720 |
51,8 |
Diminuição da energia vital |
||
Tem dificuldade para pensar com clareza? |
4140 |
57,7 |
Encontra dificuldade para realizar com satisfação suas atividades diárias? |
5068 |
70,6 |
Tem dificuldade para tomar decisões? |
4732 |
65,9 |
Tem dificuldades no serviço (seu trabalho é penoso, causa-lhe sofrimento?) |
2423 |
33,8 |
Você se sente cansado o tempo todo? |
5164 |
72,0 |
Você se cansa com facilidade? |
5061 |
70,5 |
Pensamentos depressivos |
||
É incapaz de desempenhar um papel útil em sua vida? |
2174 |
30,3 |
Tem perdido o interesse pelas coisas? |
4270 |
59,5 |
Você sente que é uma pessoa inútil/ sem préstimo? |
2973 |
41,4 |
Tem tido ideia de acabar com a vida? |
1549 |
21,6 |
Tabela 2. Prevalência de Sintomas de Transtornos Mentais Comuns (SRQ-20) por categoria
Dos respondentes, 21,6 % (1.549) relataram ter tido ideia de acabar com a própria vida no mês que antecedeu ao levantamento de dados. Ainda que o instrumento utilizado não tenha pretensão de avaliar ideação suicida, esse item oferece um indicativo importante para avaliar a condição de saúde mental dos participantes da pesquisa. A ideação suicida em universitários foi investigada em estudo com 637 universitários de Mato Grosso e a análise dos dados constatou que aproximadamente 9% dos participantes haviam tido ideias suicidas no último mês, e que os aspectos classe econômica, orientação sexual, prática religiosa, tentativas de suicídio de familiares ou amigos e uso abusivo de álcool, estavam associadas positivamente ao pensamento suicida (Dos Santos, H. et al., 2017).
No passo seguinte, investigamos o efeito da variável gênero, comparando as prevalências médias dos indicadores de TMC de homens e mulheres. As análises demonstraram haver diferença significativa em relação às prevalências de TMC (F = 344,257; p < 0,000). As mulheres obtiveram maiores prevalências de transtornos mentais comuns, 79,00% (N= 4458), enquanto os participantes homens tiveram prevalências de 59,04% (N = 2695), sugerindo que, de maneira geral, elas apresentam piores condições em saúde quando comparadas aos homens. A diferença encontrada entre gêneros corrobora com grande parte da literatura, que aponta o aspecto “ser do sexo feminino” como um fator de risco para indicativo de transtornos mentais comuns (Arrieta-Vergar et al, 2019; Gomes et al., 2020; Graner e Cerqueira, 2019; Lopes, 2022; Neves e Dalgalarrondo 2007; Rtbey et al, 2022).
Estudo com graduandos de medicina, encontrou diferença entre gênero ao comparar estudantes do sexo feminino com os do masculino, na pesquisa, as mulheres relataram maior dificuldade de conciliar o internato com os estudos, sugerindo que esse risco aumentado em mulheres pode estar ligado a interação entre fatores hormonais, diferenças sexuais ligadas a aspectos de humor e ansiedade, estressores psicossociais, papéis de gênero prescritos e menor apoio social (Santos L. et al., 2017). Estudantes do sexo feminino também foram mais propensas a relatar sofrimento psicológico grave em pesquisa italiana, os autores atribuíram parte desse resultado ao desequilíbrio entre esforço e recompensa. No estudo, mulheres que precisavam viajar para outra cidade para estudar, tinham significativamente piores indicadores de saúde mental do que as que já residiam na cidade natal e as que se mudaram para estudar (Porru et al., 2021).
Alguns estudos têm demonstrado que aspectos específicos das vivências acadêmicas devem ter o curso como uma unidade básica de análise em função de suas características e do perfil específico dos seus estudantes (Peixoto et al, 2016). Assim, seguimos comparando as prevalências de sintomas de TMC entre as áreas de curso e depois entre os cursos propriamente ditos. Os resultados indicam que as maiores prevalências de TMC foram encontradas nos chamados Bacharelados Interdisciplinares (BIs), com 76,2%, seguidos das áreas de Letras (75,1%) e Ciências Biológicas e da Saúde (75,0%), Ciências Exatas e da Terra (68,8%), Filosofia e Ciências Sociais Aplicadas (68,6%) e Artes (67,8%).
Os BIs são cursos generalistas que propõem uma formação artística, humanística e científica, oferecendo uma formação básica nas áreas de Arte, Ciências e Tecnologia, Humanidades e Saúde (Lima et al., 2015; Santana et al., 2020). Ao fim do ciclo básico, os estudantes podem optar continuar sua formação em cursos de progressão linear (profissionalizantes), para os quais a universidade criou uma reserva de vaga e cuja seleção é feita por meio do coeficiente de rendimento (CR). Pesquisas têm apontado que um dos principais fatores da escolha de cursar o BI é a possibilidade de migrar para cursos de Progressão Linear, em especial cursos com altas concorrências como Medicina e Direito. Para isso, os estudantes precisam manter altos CRs, o que, por sua vez, pode se configurar, em alguns casos, como fator de tensão e adoecimento.
Essa experiência do adoecimento na universidade foi tratada por Elvira R. D. Santana et al., (2020) em uma pesquisa qualitativa com estudantes do BI de Saúde da UFBA. Segundo as autoras, questões próprias do cotidiano da formação e vida estudantil são mediadoras da experiência de adoecimento, tanto favorecendo o adoecimento, quanto oferecendo aos estudantes conhecimentos e reflexão acerca desse processo. Assim é possível sugerir, que as singularidades desses cursos, como pressão por elevado desempenho e excessiva concorrência entre colegas, podem ser pelo menos, em parte, responsáveis pelos índices de TMC. É importante salientar que esse modelo de ciclos adotado pela UFBA não é comumente encontrado nas IES brasileiras, e, portanto, não existem muitas publicações voltadas especificamente para os estudantes desse tipo de curso.
Por fim, levantamos as prevalências de sintomas de TMC de acordo com o curso. Na Tabela 3 estão listados os 10 (dez) cursos com as maiores prevalências de TMC e na Tabela 4 os 10 (dez) cursos com as menores prevalências de TMC. Para essa análise, descartaram-se os cursos que tiveram menos do que 10 respondentes ou que a amostra foi inferior a 10% do total de estudantes matriculados no curso. Esse procedimento foi adotado buscando-se manter uma elevada representatividade dos resultados.
Curso |
N total* |
F* |
% |
Design |
23 |
21 |
91,30 |
Geofísica |
17 |
15 |
88,24 |
Ciências Biológicas |
200 |
168 |
84,50 |
Engenharia Sanitária e Ambiental |
48 |
40 |
83,33 |
Medicina Veterinária |
214 |
177 |
82,71 |
Geologia |
80 |
66 |
82,50 |
Museologia |
22 |
18 |
81,82 |
Ciências Sociais |
117 |
93 |
79,50 |
Estatística |
42 |
33 |
78,57 |
Artes Cênicas |
14 |
11 |
78,57 |
Nota. *N total = quantidade total da amostra do curso; **F = Frequência; TMC = Transtornos Mentais Comuns.
Tabela 3. Dez cursos com maiores prevalência de TMC na universidade federal estudada
Curso |
N total* |
F* |
% |
Superior de Tec. em Transporte Terrestre |
25 |
10 |
40,00 |
Filosofia |
39 |
19 |
48,72 |
Educação Física |
34 |
17 |
50,00 |
Engenharia Mecânica |
92 |
48 |
52,17 |
Arquivologia |
68 |
36 |
52,94 |
Engenharia de Agrimensura e Cartográfica |
22 |
12 |
54,55 |
Engenharia Elétrica |
140 |
83 |
59,29 |
Dança |
40 |
25 |
62,50 |
Superior de decoração |
16 |
10 |
62,50 |
Licenciatura em Desenho e Plástica |
19 |
12 |
63,16 |
Nota. *N total = quantidade total da amostra do curso; **F = Frequência; TMC = Transtornos Mentais Comuns.
Tabela 4. Dez cursos com menores prevalências de TMC na universidade federal estudada
Entre os 10 cursos com maiores prevalências de TMC, destacam-se os cursos de Ciências Exatas e da Terra, com o maior dentre o número de cursos listados (N = 4). Apesar da área de Ciências Exatas e da Terra não estar entre as três áreas com maiores prevalências de TMC, observa-se que cursos dessa área tiveram uma frequência maior do que os cursos da área da saúde, por exemplo, demonstrando que dados importantes podem ter sido ocultados pelas médias gerais das áreas, corroborando a indicação de que os cursos são importantes unidades de análise.
Entre os diversos fatores que podem ter contribuído para os elevados índices de TMC apresentados nesses cursos, supõe-se que o nível de dificuldade, com as altas exigências cognitivas e a necessidade de aprofundamento em conhecimentos técnicos específicos, tenha favorecido esse resultado em um possível contraste com as competências e repertório anterior dos estudantes. Dessa maneira, essa sobrecarga de demandas acadêmicas, bem como, a percepção como esses estudantes lidam com tais demandas podem se constituir como um fator de risco para o adoecimento (Ariño e Bardagi, 2018).
Na outra ponta, os cursos com menores taxas de TMC foram: Superior de Tecnologia em Transporte Terrestre (40,0%), Filosofia (48,72%), Educação Física (50,00%), Engenharia Mecânica (52,17%) e Arquivologia (52,94%) (Tabela 4). Ao se comparar as Tabelas 3 e 4, fica evidente o quanto as prevalências de TMC se alteram de acordo com o curso. Por exemplo, a taxa de suspeição de TMC encontrada nos alunos de Design foi mais que o dobro do curso Superior de Tecnologia em Transportes Terrestres. Esses dados podem indicar que os diferentes cursos possuem características distintas que contribuem para que o estudante tenha maiores ou menores agravos na sua saúde mental. Além disso, é possível que os cursos atraiam perfis diferentes de estudantes e que essas características pessoais e contextuais também interfiram na maneira de enfrentar as questões de saúde mental. É importante ressaltar aqui que mesmo os cursos que apresentaram os menores valores de TMC tiveram prevalências expressivas e denotam que mesmo em intensidades diferentes, o problema da saúde mental estudantil atinge a universidade como um todo.
Outro ponto que chama atenção nos resultados é que parte dos cursos com maiores taxas de TMC são considerados como cursos de baixa demanda social e, por isso, não são muito concorridos. Em estudo conduzido por Adriano de Lemos A. Peixoto et al. (2016) sobre cotas e desempenho, os autores relatam que nos cursos de baixa demanda social os estudantes cotistas tendem a apresentar melhor desempenho do que os não cotistas. Isso possivelmente se dá pelo comportamento de auto seleção, no qual estudantes com baixo desempenho escolar, ou oriundos de escolas públicas, tendem a escolher cursos de menor concorrência, nos quais tem mais chance de passar. Diante desse perfil, é possível supor que nos cursos de baixa concorrência há uma maior porcentagem de estudantes que estejam em maior grau de vulnerabilidade social ou que tenha um histórico de baixo rendimento escolar, sendo também possivelmente mais propensos a desenvolverem problemas em saúde mental.
Os achados apresentados demonstram que parte significativa dos estudantes tem lidado com condições sérias de saúde mental e precisam de cuidado especializado. É urgente a necessidade de criação e fortalecimento de projetos e programas que ofereçam acompanhamento para os estudantes, bem como que desenvolvam ações preventivas e de promoção à saúde. Por outro lado, diante desse desafio, cabem as instituições de ensino um contínuo processo de avaliação de suas práticas, do seu modelo de ensino e das estruturas de apoio que oferecem aos discentes. Deve-se destacar ainda, que nesse estudo foi utilizado um padrão de corte para o resultado mais parcimonioso do que aquele normalmente indicado, o que torna os resultados ainda mais expressivos.
É possível também concluir que, de maneira geral, as mulheres estão em piores condições de saúde mental e que se faz necessário um olhar mais atento e sensível às estudantes. Além disso, mostra-se perceptível que em determinadas áreas e cursos os níveis de transtornos mentais são extremamente altos. Portanto, sugere-se que sejam, em outras pesquisas, estudados de forma mais aprofundada. Tais resultados sugerem que a saúde mental universitária é um fenômeno complexo e multifatorial.
Dentre as limitações deste estudo, pode-se citar o fato de ser um estudo de corte transversal, o que não possibilita definir relação de causalidade. Além disso, por ser uma amostra de conveniência, aumenta-se o risco de que indivíduos com histórico de problemas de saúde mental tenham se sentido mais interessados em responder a pesquisa. No entanto, como a amostra apresenta características sociodemográficas próximas do perfil demográfico geral da universidade é possível afirmar que esse problema foi minimizado. Sugere-se, assim, que futuras pesquisas possam ser desenvolvidas com caráter longitudinal, bem como com abordagem qualitativa. E que investiguem de maneira mais aprofundada as relações entre aspectos da vida acadêmica e a saúde mental dos estudantes.
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REBECA NERI DE BARROS
Mestre em Psicologia com ênfase em Psicologia Organizacional e do Trabalho pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
rebeca.neri@gmail.com
https://orcid.org/0000-0002-8802-4159
ADRIANO DE LEMOS ALVES PEIXOTO
Doutor em Psicologia pela University of Sheffield. Professor permanente no Instituto de Psicologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
adriano.apeixoto@gmail.com
https://orcid.org/0000-0003-1962-1571
FINANCIAMENTO
Pesquisa com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal – CAPES.
FORMATO DE CITACIÓN
Barros, Rebeca N.; Peixoto, Adriano. L. A (2023). Saúde Mental de Universitários: Levantamento de Transtornos Mentais Comuns em Estudantes de uma Universidade Brasileira. Quaderns de Psicologia, 25(2), e1958.
https://doi.org/10.5565/rev/qpsicologia.1958
HISTORIA EDITORIAL
Recibido: 30-08-2022
1ª revisión: 28-10-2022
2ª revisión: 08-11-2022
Aceptado: 13-12-2022
Publicado: 30-07-2023