Quaderns de Psicologia | 2023, Vol. 25, Nro. 1, e1810 | ISNN: 0211-3481 |
https://doi.org/10.5565/rev/qpsicologia.1810
Luísa Monte Real Raña
Natália Pereira da Silva
Marcos Vinicius Brunhari
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Resumo
O trabalho tem como propósito discutir o suicídio e sua estrutura de ato, adotando como premissa que a satisfação presente na autopunição é indutora da perspectiva lacaniana sobre passagem ao ato e acting out. Para a construção deste estudo, tomou-se como base a metapsicologia da melancolia em sua diferenciação do luto, o mito de Ájax, de Sófocles, e o caso freudiano da Jovem Homossexual, para explorar o posicionamento do Eu e do objeto como engrenagem intrínseca ao ato suicida. Dado que Ajax se deixa cair sobre a espada e a Jovem Homossexual sobrevive após se atirar de uma ponte, o que se percebe é que há na queda o desfecho de algo que não mais seria suportável. É neste movimento que a constituição do Eu é atravessada e o sujeito lança-se para fora da cena, ao se identificar ao objeto a, em uma última saída.
Palavras-chave: Melancolia; Psicanálise; Suicídio; Passagem ao ato
Abstract
The purpose of this work is to discuss the suicide and its structure of the act, taking as its premise that the satisfaction present in self-punishment introduces the Lacanian perspective on passage to the act and acting out. For the construction of this study, the metapsychology of melancholia in its differentiation from the mourning process, the myth of Ajax, of Sophocles, and the Freudian case about the Young Homosexual Woman were used as basis, to explore the positioning of the Ego and the object as intrinsic gear to the suicidal act. Given that Ajax lets himself fall on the sword and the Young Homosexual Woman survives after throwing herself off a bridge, what is noticeable is that there is in the fall the outcome of something that would no longer be bearable. It is in this movement that the egoic constitution is transposed and the subject throws himself out of the scene, by identifying himself with object a, in a last exit.
Keywords: Melancholy; Psychoanalysis; Suicide; Passage to the act
Esse estudo é derivado do Projeto de Extensão “A clínica do ato suicida”1, vinculado ao Laboratório de Psicanálise e Saúde da UERJ (LaPSa), que se propõe a promover e a articular pesquisa, formação e aprimoramento de práticas clínicas voltadas aos pacientes com histórico de tentativa(s) de suicídio. A partir da perspectiva psicanalítica que se debruça sobre a obra de Freud, particularmente “Luto e melancolia” (1917/2019), e traçando um percurso até o ensino de Lacan, em seu “O Seminário, livro 10: a angústia” (1962-1963/2005), este artigo tem como objetivo discutir o suicídio e sua estrutura de ato. Procura-se circunscrever a relação da melancolia com o ato, uma vez que esta apresenta uma dinâmica de autopunição na qual a sombra do objeto recobre o Eu em um processo que aponta para a possibilidade de se autodestruir.
Desde a proposta de articulação entre a metapsicologia da melancolia e a conceituação lacaniana de passagem ao ato (Brunhari, 2018), buscamos localizar a irredutibilidade dessa posição em que o sujeito deixa-se cair para fora da cena do Outro desvelando algo da ordem do insuportável como fulgurante no ato suicida. O irredutível ao significante é crucial do ato suicida e seu estatuto real pode ser aqui pensado a partir da referência ao mito e à clínica. Tomou-se, assim, como base para a construção deste argumento, o mito de Ájax de Sófocles (1993) e o caso da Jovem Homossexual, descrito no artigo de Freud “Sobre a psicogênese de um caso de homossexualidade feminina” (1920/2019). Ambos são oportunos ao intento de sustentar a proposta em torno da irredutibilidade ao significante que localiza o objeto a como central no momento do ato suicida.
O luto, segundo Freud (1917/2019), é um processo não patológico que se estabelece como a reação frente à perda de um objeto amado, reconhecido como um ente querido ou uma representação, enquanto a melancolia se caracteriza como uma perda de natureza ideal e como um quadro patológico. Essa diferenciação é relevante na medida em que oferece um lugar legítimo ao luto como um momento comum de sofrimento: “confiamos que ele terá sido superado depois de certo tempo e consideramos sem propósito e mesmo prejudicial perturbá-lo” (Freud, 1917/2019, p. 100). Já a melancolia, por seu turno, se caracteriza como um forte desânimo, em um momento extremamente doloroso no qual há o embotamento de si, desinteresse pela vida e um esvaziamento de sentido; há um forte investimento de autorrecriminação, podendo atingir uma delirante experiência de punição. Ocorre a perda da capacidade de amar e investir libidinalmente, bem como uma diminuição considerável do sentimento de si. Este último ganha destaque, pois é aquilo que se opõe ao quadro do luto.
Interessante pensar que a palavra “luto”, em português, pode ser também a conjugação no presente da Primeira Pessoa do Singular do verbo “lutar”, podendo se servir dessa comparação para expressar que há uma luta interna, um trabalho, uma grande força processando e rearranjando isso que se perdeu e que passa a causar sofrimento. É essa dimensão de esforço e de trabalho que Freud (1917/2019) percebe atrelado ao luto, e que o garante enquanto um processo de elaboração, no qual a função se apresenta a partir da perda de um objeto amoroso, passando a ser redirecionada, doravante, a libido, antes ali investida. Esta não é uma tarefa fácil para o Eu, que sofre e luta contra a separação. Em alguns casos, se encontra de forma tão intensa essa recusa que há, até mesmo, um afastamento da realidade o que chega a reproduzir “uma psicose alucinatória de desejo” (Freud, 1917/2019, p. 101), em uma tentativa de garantir um reencontro com o que se perdeu. Nos termos de uma economia, há de fato um grande desprazer em realizar tal processo e, encerrado o trabalho com o desprendimento e uma reorganização libidinal, o Eu se reencontra livre e renovado.
Na metapsicologia da melancolia, segundo Freud (1917/2019), o que se apresenta enquanto perda não se confere como dado de realidade, não se sabe ao certo o que se perdeu, mas, mais do que isso, o que exatamente se perdeu nisso que se foi. Tanto no luto quanto na melancolia se apresenta um absorvimento do Eu por conta da inibição e falta de interesse que a perda proporciona. Mas, a condição enigmática da melancolia torna tudo mais turvo e intenso pelo esvaziamento, em um processo “auto”, do sentimento de si. Segundo o psicanalista, “no luto, o mundo se tornou pobre e vazio; na melancolia, foi o próprio Eu” (1917/2019, p. 102). Trata-se nisto de uma diferenciação que incide sobre a clínica, visto localizar o Eu e a determinação de seu sofrimento em uma estrutura que comporta o objeto e certa temporalidade.
A devastação causada pela perda de objeto na melancolia é metaforizada como ferida aberta, em outras palavras, em forma de um excesso que não pode ser barrado, por uma "insuficiência de representações” (Lambotte, 1997, p. 146), funcionando como uma hemorragia que gera um esvaimento no Eu (Freud, 1895/1996). A luta para manter o objeto presente abre a ferida dolorosa que não pode ser estancada até que as representações tenham se reduzido; um enorme gasto de energia é colocado em cena na tentativa da manutenção de algo relativo ao objeto. Perante a amplitude da dor, o que resta ao Eu é a busca arrebatadora para defender a preservação e presença do objeto que se perdera, ainda que, para isso, seja fundamental recusar a realidade da ausência. É pela identificação com o objeto perdido que se encontra a possibilidade de burlar a arrebatadora verdade do processo melancólico.
Ao manter o objeto presente por meio de sua incorporação, o Eu opera sobre a dor ocasionada pela ausência imposta pela realidade rigorosa cuja sinalização revela que o objeto não existe mais. O processo de identificação melancólica ao objeto se evidencia como saída pautada em um processo narcísico de retorno ao Eu e originária de efeitos devastadores. Concomitantemente à introjeção do objeto em nome da manutenção do amor, o ódio a este que o abandonou é voltado, em um processo auto, ao próprio Eu. É assim que a sombra do objeto se sobrepõe ao Eu melancólico de maneira avassaladora, na medida em que a desfusão pulsional possibilita a manutenção do objeto que, por sua vez, passa a ser sadicamente atacado pelo próprio Eu. Destaca-se que a identificação melancólica é como a sombra do objeto que, desde então, passa a eclipsar o Eu em uma profusão de esvaziamento simbólico e imaginário.
Na melancolia, o outro é amado, mas é também odiado por ter abandonado o Eu, há ambivalência. O Eu se autopune, se agride sadicamente na tentativa de manter o objeto. Frente a isso surge um impasse, pois torturar o objeto na melancolia significa também se torturar. Nesse caso, satisfações sádicas e masoquistas se encontram presentes e alimentadas pelos pares de opostos: o ódio e o amor. Quando o ódio se converte em ataques ao objeto, o próprio retorno ao Eu se inscreve como possibilidade de amenizar a agressividade voltada ao objeto. Sofrer e se punir pelos ataques é preservar e colocar em evidência o amor que o Eu não abre mão de nutrir, embora se coloque em posição de abrir mão de si. O componente sádico é preponderante no processo melancólico e, concomitante, o masoquismo na posição do Eu como fator crucial na compreensão de que há uma satisfação no processo de autodestruição promovido pelo Eu no processo melancólico. Isto será discutido a partir dos próximos tópicos em que nos ocuparemos do mito de Ájax, de Sófocles, e do caso da Jovem Homossexual (Freud, 1920/2019) com o objetivo de discutir o processo identificatório da melancolia como fundamento para articular conceitualmente a passagem ao ato suicida.
Para guiar e aprofundar a discussão, introduz-se aqui Ájax, a tragédia de Sófocles (1993). Ájax, filho de Telamon, é um personagem da mitologia grega com presença na tragédia de Sófocles em que retrata uma perda de razão. A tragédia se apresenta a partir do enfurecimento de Ájax, que está próximo a Troia, pois os chefes gregos haviam tomado a decisão de entregar as armas de Aquiles, que havia morrido, para Odisseu. Com isso, Ájax decide que irá assassinar Agamêmnon, que é comandante das guerras, junto de seu irmão Menelau, além de outros chefes. Porém, Atena vem em defesa e boicota Ájax por meio de uma ilusão, fazendo-o matar um rebanho de carneiros, enquanto pensava matar seus inimigos. Quando sua visão volta ao normal, o personagem central se encontra com o que realmente havia assassinado, e não podendo suportar ver o que havia feito, resolve tirar sua própria vida lançando-se sobre a espada presa no chão. Teucro, seu meio-irmão, tenta impedir que Ájax se suicide. Sem êxito, decide que irá sepultá-lo, ainda que tenha que contrariar as ordens de Menelau e Agamêmnon. Desenrola-se uma discussão entre eles a respeito do sepultamento do cadáver, mas Odisseu intervém convencendo a respeito de que fosse permitido o funeral.
O que se destaca aqui é que, após a recuperação da alucinação causada por Atena, Ájax se arrepende de seu feito. Deparar-se com a verdade é fundamental no desdobramento rumo ao ato suicida e nos sugere que o feito heroico se desvanece revelando um resto insuportável. Tal como no processo melancólico, em que há algo preservado pela via da identificação em nome da manutenção do amor, o insuportável de uma perda torna-se imperante até o ponto em que o Eu se coloca a perder-se. Ájax não suporta uma perda de ordem ideal: ao se iludir como herói e fazer justiça com as próprias mãos defronta-se com a brusca destituição de si. Isso aparece quando pensa em sua imagem, sendo zombado por seus inimigos e pela cidade de Troia, se sente desonrado perante todos e principalmente, seu pai.
Meu pai voltou há algum tempo desta terra próxima ao Ida, onde com sua bravura fez jus ao primeiro lugar entre os soldados vindos da Grécia antes desta expedição, trazendo para sua casa grande glória sem qualquer mácula. E eu, sendo seu filho, dotado de valor igual, cheguei a Troia, e aqui meu braço realizou feitos dignos dos dele, mas agora estou aqui, morrendo, vítima do desprezo dos chefes argivos! (Sófocles, 1993, pp. 96-97, versos 590-595)
Ájax passa por uma tortuosa autopunição assim como propôs Freud (1917/2019) na melancolia, onde o Eu se sente totalmente incapaz, se humilha, não é digno nem merecedor do amor de seus entes queridos. O sofrimento com a desonra, para Ájax, é tão impiedoso, que no suicídio encontrou o fim de sua dor e o restabelecimento da sua honra. Freud aponta que na melancolia o Eu se humilha e se sente uma pessoa insuficiente, não merecedora de seus familiares. Pode-se articular esse aspecto nas falas de Ájax que chega a se perguntar como é que teria coragem de ver seu pai depois do que havia cometido: “As divindades obviamente me detestam; todo o exército dos gregos me abomina; sou odiado pela cidade de Troia e por esta planície onde combatemos” (Sófocles, 1993, p. 97).
Um importante fator que Freud destaca no envilecimento de si do melancólico é que há uma verdade, uma razão do sujeito de pensar isso de si mesmo, há uma incapacidade de amar. Freud diz até mesmo que o melancólico parece ter chegado a um autoconhecimento, a questão seria a causa de tamanho sofrimento ao se deparar com a verdade de si, “Ele perdeu o respeito de si mesmo e deve ter tido um bom motivo para isso” (Freud, 1917/2019, p. 104). Destaca-se aqui, o que Freud percebe de maneira sensível a respeito da dura autorrecriminação do melancólico, isto que em sua obra ganhara o estatuto de Supereu. No aparelho psíquico é apresentado uma divisão do Eu, em que parte se dirige à outra vociferando críticas morais e punitivas. Essa punição está atrelada ao ódio que seria dirigido ao objeto perdido e que, por isso, permite que haja falta de arrependimentos nas autoacusações do melancólico. O ódio que poderia ser dirigido para realizar uma separação, uma desilusão, é retido no próprio Eu em uma supervalorização do sofrimento e do sacrifício de si. Assim como Ájax se coloca entregue aos deuses, o Eu se autodeprecia julgando-se indigno aos olhos de outro.
Segundo Freud (1917/2019), “no melancólico, quase que se poderia destacar o traço oposto, o de uma premente comunicabilidade, que encontra certo apaziguamento [Befriedigung] na exposição de si mesmo” (p. 104). A satisfação na autodepreciação se apresenta como sentimento de ofensa, como se o Eu fosse vítima de uma grande injustiça, sente pena de si mesmo e a própria piedade muitas vezes tem um ar de desprezo. Essa característica pode ser notada em Ájax que sente grande pesar em ser quem é na vida em que vive, e com o orgulho ferido por se ver enquanto perdedor de seus inimigos, cai vítima de sua própria ira. Em seu ato, a morte é o desdobramento da injustiça acometida contra ele, o herói, como se denominava, encontrando apenas na morte a solução. Ájax cai sobre sua própria espada bem como os inimigos eram golpeados em sua alucinação ao atacar o rebanho. É como se Ájax se tornasse inimigo de si e se sacrificasse como um carneiro. É possível questionar se o ato de Ájax seria endereçado aos inimigos e a Atena para que sentissem remorso pela perda de um grande herói. Seria esta uma maneira de preservar-se como herói: “é realmente vergonhoso querer viver por muito tempo quando a vida é uma sucessão constante de amarguras. Que prazer nos traria o perpassar dos dias se eles nos afastam da morte fatal apenas para ouvirmos expressões de escárnio?” (Sófocles, 1993, p. 98).
O carneiro é a presa e, em posição similar, Ájax se colocava como vítima diante de Agamêmnon e manipulado por Atena. Ájax perde a si mesmo no momento em que se coloca apenas como igual ao objeto perdido. O que pode ser lido em Ájax é o empobrecimento do Eu no processo melancólico que aponta a dimensão no ato suicida a partir da identificação com o que deveria ter morrido e com o que morreu, de fato; respectivamente, ele se sacrifica se equivalendo aos inimigos, assim como deixa-se cair sobre a lâmina de sua arma, se reduzindo à morte dos carneiros. Frisamos que, quando Freud propõe a identificação do Eu ao objeto na melancolia, menciona-se que “a sombra do objeto caiu sobre o Eu” (Freud, 1917/2019, p. 107). Nesse sentido, há a afirmação de Odisseu, sobre o sofrimento de Ájax, que também remete a essa condição sombria: “somos sombras ou efêmeros fantasmas vivendo a nossa vida como os deuses querem” (Sófocles, 1993, p. 83).
Freud propõe que essa posição sádica é central no suicídio entendido a partir da metapsicologia da melancolia. A questão que se abre é, como o Eu que em sua origem é investido por uma grande carga de libido narcísica o protegendo, e que dedica um forte amor a si mesmo, pode chegar a decidir por destruir a si mesmo? O que a melancolia mostra é que o Eu apenas alcança tais condições ao realizar uma regressão, direcionando a si uma hostilidade primariamente dirigida ao mundo externo e, em seguida, voltada aos objetos. Em um ditado de origem desconhecida afirma-se que “guardar ressentimento é como beber veneno e esperar que a outra pessoa morra” (Bodhipaksa, 2012)2 e isso pode ser alinhado ao que temos destacado sobre a melancolia em que o Eu, antes, deseja a morte de um outro, mas acaba por condenar a si próprio. Freud reforça esse movimento ao escrever que “na regressão da escolha narcísica de objeto, o objeto foi de fato suspenso [aufgehoben], mas provou ser mais poderoso do que o próprio Eu” (Freud, 1917/2019, p. 111). É sob o império da sombra do objeto que o Eu pode enveredar ao declínio de si e, como indicaremos no próximo tópico, essa dinâmica de foro metapiscológico encontra na conceituação de passagem ao ato uma estrutura.
A partir da conceituação de melancolia e em sua comparação ao luto, é possível explorar e destacar elementos importantes que são aprofundados no artigo de Freud (1920/2019) “Sobre a psicogênese de um caso de homossexualidade feminina”. Pretendemos avançar sobre isso e ampliar a discussão sobre o ato suicida já que, diferentemente de Ájax, a Jovem Homossexual fala sobre seu ato posteriormente à tentativa de suicídio.
A ida da jovem ao encontro de Freud acontece através do pai que, meio ano depois da tentativa de suicídio da jovem, vai à procura de um médico para tentar conduzi-la ao imperativo padrão social de normalidade, pois se preocupava com sua conduta amorosa. O pai se portava de maneira rígida diante da homossexualidade da filha, tentando a qualquer custo a combater por medidas rigorosas. Já a mãe, não se opunha à orientação sexual da filha — inclusive já havia sido sua confidente —, no entanto se fez contrária a isso quando a inclinação da jovem se tornou declarada publicamente. Algo que chamava muito atenção da jovem em sua mãe, era a diferença com que tratava seus filhos. Enquanto os meninos pareciam receber muitos cuidados, a mãe era totalmente fria com a filha e a via como uma rival que interferia na relação dela com o pai.
A jovem não esboçava ter interesse algum pelo sexo masculino, e nem mesmo parecia ter vergonha ou ser discreta quando caminhava publicamente com certa dama de não grata reputação na sociedade, e que era dona de uma grande admiração por parte da jovem. Não seria a primeira vez que seus pais verificavam essa sua inclinação e preferência para o sexo feminino e, muito embora fosse algo que preocupava a família de alta posição na sociedade, não se mostrava viável para Freud uma proposta de reversão da homossexualidade bem como não é possível tal ajuste na escolha objetal da heterossexualidade.
Por outro lado, Freud se viu diante de um caso muito importante e interessante a respeito do ato suicida. A tentativa de suicídio ocorreu quando ela estava passeando com a dama e, em um encontro que não era improvável, o pai dirigiu um olhar de reprovação para a sua filha. A dama, ao perceber a situação, sustenta e reafirma a posição do pai da jovem encerrando o que acontece entre elas. Diante disso, a jovem corre e se joga de uma ponte sob a qual passava uma linha férrea. Essa tentativa fracassada de suicídio gera modificações em sua posição diante dos pais e da dama idealizada. Os pais não a contrariavam com tanta brutalidade quanto antes e, no entanto, não parecia ser isto que a faria alterar a escolha objetal; por isso procuraram Freud. Ademais, a dama reavaliou a recusa e continuou com a amizade, comovida por tamanha paixão demonstrada em um ato atroz.
Observa-se que a tentativa de suicídio causa ressonância, mas, além disso, o momento do ato não deixa de ser objeto de interesse para Freud. Propomos aqui que é nesse instante que seu mundo caiu, parafraseando a cantora Maysa (1958): o cenário desaba, desmorona, o palco quebrou e, diante da perda de sua amada e da reprovação do pai, a Jovem Homossexual se lança à morte. Diferentemente de Maysa que canta “não fui eu que caí”, a jovem tomba junto ao cenário que se desmontou. Com os sonhos que ela relatava à Freud, se apresentam também outros elementos que contribuem para a finalização executada em forma de queda. É possível compreender que o suicídio não é uma ação sem uma verdade histórica, ou seja, há um enredo e um roteiro, não há um único acontecimento que dispara o ato. O suicídio é uma narrativa lançada rumo à queda, à defenestração. Precipitado, pois em um precipício, se cai depressa. Ele apresenta algo que ainda não foi possível de ser elaborado, é um excesso.
Para Freud, há dois aspectos importantes que estariam em questão: a autopunição junto à realização de um desejo. Que desejo poderia vir com o fim da própria vida? Parece algo contraditório e de difícil compreensão. Há um desejo que não seja possibilidade de vida? O desejo em causa seria aquele de gerar um filho do pai, o qual Freud aponta que foi este mesmo que a levou a seguir a homossexualidade, ou seja, pela decepção de não ser possível tal realização, optou por um outro caminho, deixando de lado o desejo de ter um filho ligado ao desejo de amar um homem. Ou seja, após seu primeiro fracasso (não ter um filho do pai), rejeitou sua feminilidade procurando outro lugar para sua libido.
Tomando, então, uma posição de amor cordial, sem que fosse amada de volta, e em uma fantasia de salvar a dama da má reputação. Porém, este desejo, lido por Freud em uma perspectiva edípica, teve uma função naquele momento. Freud (1920/2019) afirma que a Jovem Homossexual “caía [niederkommen] por culpa do pai” (p. 177) e nos permite verificar que no ato, mesmo no suicídio, há um caráter sexual e, por isso, que jogar-se tem a conotação tanto de cair quanto de parir. Em alemão, a palavra niederkommen significa parir, dar à luz, e é composta por “embaixo, para baixo” (nieder) e vir (kommen), o que formaria “vir para baixo”, despencar e cair. O olhar de reprovação de seu pai era reforçado por sua amada, colocando em cena algo proibido a ser executado como uma autopunição. É importante destacar que 1920 é o mesmo ano em que Freud postula a pulsão de morte e, mesmo que o psicanalista não tenha feito essa articulação direta no texto sobre a Jovem Homossexual, é viável compreender que a autodestrutividade envolve satisfação. A autopunição realizada no ato indica isso ao expor o mais íntimo desejo de morte da jovem pelos pais.
Freud retoma a dimensão da identificação em que o suicídio é possível de ser realizado quando o Eu se coloca na posição de objeto e dedica a si uma punição, um ódio e uma vingança que é internalizada contra si que seria, anteriormente, dirigida ao outro. Freud introduz nessa discussão, em seu trabalho e em suas pesquisas o que chamou de “desejos de morte” (Freud, 1920/2019, p. 177), afirmando que no inconsciente de todos há uma dedicação à morte, até mesmo de pessoas queridas. O que pode ser associado com a ambivalência, muito tratada aqui no trabalho, que é constitutiva do sujeito, para investir e se separar do objeto amoroso. Nesse sentido, há uma dimensão de insatisfação que está em jogo nessa relação com a dama, um amor proibido e, a partir do momento em que o pai a impede e desaprova as duas andarem juntas, sua vingança fracassa tal como fracassou a realização de ter um filho dele. A vingança recai sobre si mesma em uma autopunição que remete ao processo melancólico de retorno sádico sobre o Eu.
O que se pode observar é que há nessa autopunição a concomitância da realização de um desejo. O processo identificatório que já apontamos a partir de Ájax, que precipita seu ato, se apresenta novamente aqui como uma identificação com a mãe quando quase morreu no parto do irmão. A Jovem Homossexual cai como sua mãe deveria ter caído ao parir e, concomitantemente, deflagra o desejo de ter parido um filho de seu pai. Mais do que isso, a sua autopunição é a realização do desejo de morte que era dirigido ao objeto investido de ambivalência. E, pelo mecanismo melancólico, a identificação viabiliza com que o Eu se puna como a um outro objeto e que isto seja levado às últimas consequências, como Ájax que se lançou ao castigo e à condenação que desejava a seus inimigos. Com a Jovem Homossexual é possível ampliar as perspectivas a respeito do momento do ato, já que há um depois dele no caso de Freud, e vislumbrar que o que fulgura nessa identificação é da ordem do sombrio na medida em que não é propriamente um traço do objeto. Reduzir-se ao que cai é ser um resto no instante em que se consuma a tentativa de suicídio. Esse momento não é desprovido da satisfação pulsional que, em termos freudianos, indica a realização de desejo no momento da autopunição. Ao remeter o determinismo do ato suicida ao inconsciente, Freud lança um argumento clínico ao tema que alcançará, como veremos a seguir, a conceituação lacaniana de passagem ao ato em 1962-1963/2005.
A questão da punição que retorna sobre o Eu pode ser explorada a partir de “O problema econômico do masoquismo” (1924/2019). Freud divide o masoquismo em três: o erógeno, o moral e o feminino. Comentaremos os dois primeiros, pois é a partir deles que se coloca em questão sobre se há um elemento no masoquismo que se concentra no retorno sádico da pulsão de morte sobre o Eu. É pela proposta da “necessidade de punição” (Freud, 1924/2019, p. 296), que se pode compreender o Eu como causador de sua própria tortura na medida em que o sadismo não é apenas um retorno, pois o masoquismo é inerente ao Eu que, por sua vez, admite o próprio castigo. Freud relaciona este masoquismo originário ao masoquismo moral do Supereu sobre o Eu, visto que a moralidade é construída da dessexualização e superação do complexo de Édipo. A atuação do masoquismo moral inverte a situação, levando o Eu a se colocar em risco para que seja repreendido pelo sadismo superegóico. Aquilo que ocorre com a Jovem Homossexual, ao vir a público com a dama sem se importar em esconder o caso, pode ser entendido como uma provocação com fins de punição. A partir do olhar do pai, o castigo é recebido e essa realização se torna da ordem do insustentável.
A dimensão de satisfação do sofrimento se dá pela dinâmica de sadismo e masoquismo erógeno. Esse sadismo que retorna sobre o Eu é alinhado, por Freud, às incidências da cultura que exige renúncias pulsionais em nome do impedimento de destruição do outro. Assim, “o sadismo do Supereu e o masoquismo do Eu se completam um ao outro e se unem para a promoção dos mesmos resultados” (Freud, 1924/2019, p. 300). O masoquismo moral deriva da pulsão de morte que não pôde ser totalmente revertida como pulsão de destruição para fora. Essa destrutividade, que se acresce os poderes do Supereu e à necessidade de punição intrínseca ao Eu, abre a possibilidade de compreender como alguém poderia não necessariamente almejar o próprio bem. Trata-se aqui de um problema ético que coloca o suicídio em um patamar de reflexão que extrapola a moralização e os discursos de eficácia. Segundo Freud (1924/2019, p. 301), “mas como, por outro lado, ele tem o valor de um componente erótico, a autodestruição da pessoa também não pode se realizar sem uma satisfação libidinal”. Se a própria destruição é parte da constituição do Eu, é preciso considerar que isso é uma questão clínica que deve ser articulada em termos conceituais. Esse é o motivo de recorrermos ao ensino de Lacan.
O caso da Jovem Homossexual, ponto essencial do trabalho a respeito do ato suicida, é aprofundado sob a perspectiva de Lacan em seu “O Seminário, livro 10: a angústia” (1962-1963/2005). O verbo Niederkomemt é um eixo central pelo qual Lacan (1962-1963/2005) introduz e aprofunda a problemática do suicídio a partir da proposição do objeto a. É ao resgatar e subverter o conceito caro à psiquiatria francesa (Muños, 2009) que Lacan fundamenta a passagem ao ato em sua condição primeira: a identificação absoluta do sujeito ao objeto a. Neste processo, análogo ao sombrio eclipsamento do Eu melancólico, ocorre a identificação com o resto irredutível ao simbólico e ao imaginário que leva o sujeito a uma cinética, ele “se atirar pela janela” (Lacan, 1962-1963/2005, p. 124) em uma saída da cena constituída pelo Outro do significante. A identificação absoluta com o resto, aquilo que cai como índice do real, como apontado no caso da Jovem Homossexual com a quase morte da mãe no parto, e o desejo de ter um filho com o pai que promulgam o embaraço maior após ser olhada com fúria pelo pai e rejeitada pela dama. Diante desse confronto entre o desejo e a lei, algo cai e, no caso, a jovem se identifica a isto.
É então, diante disso, que a jovem deixa-se cair da ponte. Deixou-se cair junto à narrativa que se sustentava, entre o limite da cena e o mundo. Relembrando o que foi trazido com a música de Maysa (1958), ressalta-se que, diferentemente da canção, não apenas o mundo cai, mas a própria jovem se deixa levar junto. Como em um enroscamento nas cortinas de seu próprio teatro, algo se solta junto a panos e cenários, e é colocada para fora do palco. Nessa aritmética que proporciona a identificação ao objeto a, há algo que não mais cabe na fantasia e que se torna insuportável para a Jovem. O desfiladeiro da fantasia é o que leva o sujeito a se desprender de sua arrumação com o objeto a e vir a baixo sem recursos simbólicos e imaginários. Esse momento de apneia atinge o Eu que, proposto por Lacan (1962-1963/2005) como i(a), é atravessado perdendo suas camadas até que reste apenas o a.
É a saída de cena a característica que diferencia a passagem ao ato de uma outra modalidade de ato: o acting out. A passagem ao ato estaria justamente no que se dá o Niederkomemt (Lacan,1962-1963/ 2005), o largar de mão, deixar cair que delimita um apagamento radical do sujeito. Segundo o psicanalista francês, “O momento da passagem ao ato, é o do embaraço maior do sujeito, com o acréscimo comportamental da emoção como distúrbio do movimento” (Lacan, 1962-1963/ 2005, p. 129). A angústia engendrada neste embaraço se apresenta no entre da cena e rumo à precipitação para fora. A angústia marca a certeza do que passa ao ato e coloca esta modalidade como saída frente ao não poder lidar com a angústia por outra via, não encontra lugar, nem palavra. É aí que se faz a passagem, a passagem da cena para o mundo, o atirar-se da janela. O jogar-se da ponte da jovem e o jogar-se em cima da espada de Ájax. Já o acting out demonstra outra relação com a cena e pode ser entendido como oposto da passagem ao ato.
No caso da Jovem Homossexual, enquanto o jogar-se da ponte é a passagem ao ato, toda a cena construída no espaço público e sustentada entorno da dama é da ordem do acting out. E aqui, Lacan abre para a questão do que está articulado com o desejo de ter um filho do pai. O que está colocado nisso é que, necessariamente, se tenha um substituto do falo. Essa vontade de ter um filho do pai, não se consiste de uma ordem materna, mas sim de um encontro do falo, como aquilo que é representante da falta, que a sustenta. A jovem se decepciona por seu pai não lhe dar o falo, como se isso mesmo não fosse da ordem do impossível. E em não aceitar sua condição faltante, contorna isso e se coloca no lugar de ser o falo para Dama, “Em outras palavras, coloca-se naquilo que ela não tem, o falo, e, para mostrar que o tem, ela o dá” (Lacan, 1962-1963/ 2005, p. 138). Ao invés de se transformar a partir da interdição, permanece nela. No que tenta fugir do inevitável, o sustenta. A ausência faz e marca uma presença. Isso que faz falta e que se perdeu é presente enquanto saudade. E ao invés de deixar cair o que não se pode ter totalmente (o falo), podendo então, se encontrar com a falta e desejar, trazendo objetos que lhe coloquem uma satisfação parcial e não-toda, a Jovem escolhe não aceitar a perda e não abrir mão dessa completude, o que presentifica ainda mais o que não se tem, fica na falta, fica no resto. Se ela se faz ser o próprio falo, prefere não ter nada a ter o que perder, lembrando de seu amor cortês e de sua tendência a amores não correspondidos. O acting out se dá assim, como uma formação sintomática, sendo uma mostração e um direcionamento ao Outro, pois sustenta algo na fantasia enquanto gozo.
O fator importante que Freud (1920/2019) ressalta, é a dimensão inconsciente de todos esses processos aqui trabalhados. Essa dimensão inconsciente é fundamental e nos remete àquilo que foi destacado a respeito da melancolia: o que é que se perdeu nisso que se perdeu? A perda traz anúncios e notícias de uma verdade sobre o objeto amoroso e, na melancolia, essa perda demonstra ter um estatuto que remete ao vazamento simbólico. Uma das razões é que a perda do objeto amoroso se torna tão exacerbada por ser de escolha narcísica e, por isso, sustenta a si mesmo no outro, bem como, parece haver uma forte ligação à perda de possíveis investimentos em objetos anteriores que não puderam ser enlutados. O Eu se coloca a perder a si mesmo, e em uma dinâmica pulsional na qual há satisfação na tortura própria. De todo modo, o saber e a verdade são incompletos, há sempre restos, o inconsciente dá sinais, e é a partir de pedaços que se pode escutá-lo. “Parece que justamente a informação que a nossa consciência recebe de nossa vida amorosa pode ser, com especial facilidade, incompleta, lacunosa ou falseada” (Freud, 1920/2019, p. 183). Na melancolia, o que se indica é uma dificuldade com essa lacuna, com isso que sobra, pois remete a perdas e incompletude.
Além disso, é de suma importância que se coloque em questão os desdobramentos que o trabalho abriu com um retorno à Freud e ao herói Ájax. A busca para evitar a dor, que amedronta o sujeito em decorrência de reconhecer e vivenciar a perda; a identificação com o outro de forma narcisista; a agressividade do Eu ao outro incorporado e, consequentemente, ao próprio Eu. São encaminhados para instigar novas elaborações capazes de tornar articuláveis a partir da conceituação da melancolia. Ao passo que, esses casos têm sido muito encontrados nos consultórios de analistas e psiquiatras na contemporaneidade, e discussões que pontuam isso ao aumento exagerado de individualismo numa sociedade considerada narcisista. Visa-se a utilização do modelo freudiano da melancolia como forma de análise dos novos sofrimentos psíquicos que surgem atualmente devido, também, ao aspecto narcísico que ela alça e os frequentes relatos de impossibilidades frente ao que se mostra cada vez mais avassalador e disruptivo no campo social e político.
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LUÍSA MONTE REAL RAÑA
Psicóloga graduada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
luisa.rana@hotmail.com
https://orcid.org/0000-0003-3654-6948
NATÁLIA PEREIRA DA SILVA
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
Psicóloga graduada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
nataliapsiuerj@gmail.com
https://orcid.org/0000-0002-6470-861X
MARCOS VINICIUS BRUNHARI
Professor Adjunto do Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Membro do Programa de Pós-graduação em Psicanálise da UERJ.mvbrunhari@gmail.com
https://orcid.org/0000-0002-5369-2915
FORMATO DE CITACIÓN
Raña, Luísa Monte Real; Silva, Natália Pereira & Brunhari, Marcos Vinicius (2023). O deixar-se cair e a estrutura do ato suicida. Quaderns de Psicologia, 25(1), e1810. https://doi.org/10.5565/rev/qpsicologia.1810
HISTORIA EDITORIAL
Recibido: 18-03-2021
1ª revisión: 10-06-2021
Aceptado: 25-01-2022
Publicado: 06-03-2023
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1 O Projeto é cadastrado junto ao Departamento de Extensão (DEPEXT) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e conta com uma bolsa de extensão.
2 “Hold onto anger is like drinking poison and expecting the other person to die.”